Resumo

Refletir e agir sobre a Educação na transição entre milênios impõe-nos o desafio de encarar a herança de uma realidade construída num longo processo histórico. Apesar de todo conhecimento acumulado, carecemos de proposições capazes de contribuir na superação de insistentes contradições sócio-educativas. Pensando em algumas delas, podemos mencionar a existência de jovens desassistidos pelo nosso sistema de ensino e questionáveis processos de escolarização aos quais são submetidas pessoas que apresentam necessidades educacionais especiais. A escola ? na figura dos atores sociais que lhe dão vida ? deve se fortalecer nessa jornada com vistas ao aprimoramento do seu modo de lidar com as demandas individuais e sociais coetâneas. Neste sentido, a necessidade de projetar uma escola capaz de suplantar suas próprias contradições passa pela contribuição específica que cada disciplina ? entre elas a Educação Física ? oferece à consecução do projeto pedagógico elaborado e implementado pela própria escola. Por conseguinte, o presente estudo apoiou-se na implementação de um programa de formação continuada destinado a professores de Educação Física do município de Londrina, no Paraná, guardando como objetivos: a) acompanhar os modos como professores do componente curricular Educação Física lidam em suas aulas com a proposta de inclusão escolar de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais e b) apontar como um programa de formação continuada pode aprimorar o instrumental do professor de Educação Física com vistas à elaboração de respostas às provocações lançadas por uma perspectiva educacional inclusiva. A pesquisa assentou-se em pressupostos metodológicos da pesquisa-ação e de grupo de focalização. Dezesseis professores de Educação Física, da rede pública municipal de ensino de Londrina, constituíram Grupo de Estudo/Trabalho com foco nas questões relativas à intervenção do professor de Educação Física em ambientes escolares inclusivos. Foram realizados encontros quinzenais durante os anos 2002 e 2003. Para efeito de coleta de dados foram adotados na dinâmica do Grupo: entrevistas coletivas, observações e análises de aulas registradas em VHS e diários de campo reflexivos. O tratamento dos dados coletados configurou fotografia, radiografia e cinematografia do Grupo. Os resultados encontrados indicam contradições importantes de serem superadas no ambiente escolar, e que refletem no atendimento educacional prestado por professores de Educação Física a alunos com necessidades especiais em contextos educacionais que se pretendem inclusivos. A título de considerações finais indica-se procedimentos relacionados à implementação de programas de formação continuada, assim como à realização de pesquisas numa perspectiva relacional. Deste modo, sugere ser de fundamental importância que a autonomia profissional seja exercitada no sentido de fortalecer a autoria de projetos pedagógicos que garantam o processo de escolarização de nossos alunos. Essa conjugação do exercício responsável da autonomia, com a autoria de projetos pedagógicos efetivos, pode sustentar a autoridade profissional do professor de Educação Física dentro da escola. A inclusão escolar de alunos que apresentam necessidades especiais é, neste sentido, uma provocação que não pode ser ignorada.

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