Formação Interprofissional em Saúde e as Fronteiras em Movimento na Educação Física: Discussões Sobre Trabalho, Corpo e Subjetividade
Por E. Nakamura (Autor).
Resumo
Os cursos de graduação da área da Saúde na Unifesp Baixada Santista foram instituídos em 2006 com base na formação direcionada à clínica comum proporcionada pela educação interprofissional em um currículo integrado, organizado em módulos de conhecimento (e não disciplinas), e desenvolvida por metodologias ativas de ensino. Nessa esteira situa-se o curso de bacharelado em Educação Física (EF), oferecido anualmente com os cursos de Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional, além do programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde. Na graduação, o Projeto Político Pedagógico compreende 4 eixos temáticos, um deles voltado aos conhecimentos específicos de cada área (eixo Específico), e 3 (eixo Biológico, Inserção Social, e Trabalho em Saúde) referentes à formação comum, com turmas mistas. Quanto à pós-graduação, aos mestrandos e doutorandos é possibilitada a realização de estágio, por meio do Programa de Aperfeiçoamento Docente (PAD), que propicia uma aproximação com atividades didáticas, pelo acompanhamento do ensino na graduação, ampliando seu aporte teórico-prático nos temas abordados nos módulos. Na formação interprofissional, os módulos do eixo Inserção Social (IS) abordam as dimensões históricas e socioculturais das questões da saúde, além de aspectos psicossociais dos sujeitos, no diálogo com os cursos. O objetivo deste trabalho consiste em discutir a formação interprofissional para o curso de EF a partir da experiência de um mestrando em estágio docente no módulo "Trabalho, Corpo e Subjetividade" oferecido pelo eixo IS no primeiro ano dos cursos. O módulo objetiva: apresentar e discutir a noção de trabalho em seus aspectos socioculturais e as transformações por que passa na sociedade contemporânea; situar e analisar noções de corpo da perspectiva sociocultural e analisar subjetividade nas dimensões psicossociais e culturais e sua relação com a saúde. Apesar de no segundo semestre a noção currículo integrado já estar consolidada pelos alunos, os docentes se depararam com uma visão disciplinarizada, apresentada pelos estudantes nas aulas, restringindo suas compreensões sobre os temas abordados apenas aos conhecimentos específicos de seu curso. Porém, com o avançar das aulas, ao tomar contato com as diferentes visões sobre trabalho corpo e subjetividade, as fronteiras de conhecimento entre as áreas foram cessando, aproximandoas em um conhecimento comum. Os estudantes de EF especificamente contribuíram nos debates com temas caros à sua formação, como a precarização do trabalho na área, os significados das praticas de atividade física em relação às concepções de corpo, ou a visão mercadológica predominante na profissão. Perceberam que tais temáticas, de certa forma emergiam nas falas dos demais alunos. Assim houve uma aproximação das áreas, e coletivamente constituiu-se um olhar mais ampliado sobre o corpo, vislumbrando possibilidades de atuação interprofissional no horizonte de uma atenção integral.