Resumo

Este estudo nos despertou para a necessidade de discutir a formação do juízo moral nas crianças, por acreditarmos na possibilidade de desdobramentos pedagógicos que apontam na direção de trabalharmos as relações de convivência, permitindo indicar algumas contribuições para a construção de uma sociedade mais justa, cooperativa e ética. Amparado pelos fundamentos epistemológicos que regem a teoria piagetiana, o estudo se propôs a analisar os raciocínios morais de crianças de 7 a 10 anos para resolver conflitos morais oriundos da prática do jogo na escola. O grupo investigado constituiu-se por 29 crianças  de uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Municipal da cidade de Natal/RN. A pesquisa, de predominância qualitativa, do tipo descritiva, caracteriza-se como Pesquisa Participante. Utilizou-se como técnicas para coleta de dados: a observação participante, a iconografia (filmagens e fotografias) e a entrevista em torno de contos-dilema, construídos numa perspectiva moral. Delimitamos a análise dos resultados a partir da discussão em torno da heteronomia/autonomia, justiça retributiva/justiça distributiva, bem como de valores indicados no caderno de ética dos PCNs: justiça, diálogo e solidariedade. Os resultados confirmam os pressupostos teóricos de Piaget à medida que as crianças demonstraram raciocínios em uma fase de transição da justiça subordinada à autoridade adulta para um tipo de justiça que se funda na equidade. Neste estudo, pudemos perceber que as crianças que apresentaram maior facilidade de compreensão dos contos-dilema e conseguiam elaborar cognitivamente as vantagens e desvantagens para as alternativas apresentadas, demonstraram articular coerentemente os raciocínios morais, julgando os conflitos de forma crítica e autêntica. Diante disso, ressaltamos a importância de propor práticas pedagógicas adequadas com a faixa etária da criança, a fim de que contribuam positivamente no seu desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo. Ressaltamos que o ambiente escolar possa ser um espaço descentralizado e cooperativo, estimulando a reflexão de valores morais e contribuindo na formação humana dos educandos. Nesse sentido, o estudo destaca o jogo como rica possibilidade de intermediar as relações de convivência, a reflexão e vivência de valores morais, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento dos juízos morais das crianças por meio de uma formação autônoma.  
 

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