Formação Profissional em Motricidade Humana: em Questão, a Educação Física
Por Samuel de Souza Neto (Autor), Dagmar Hunger (Autor).
Resumo
HISTÓRICO A Educação Física, no Brasil, se constituiu em uma área de formação de professores e de profissionais para atuar em outros campos, além do escolar. Este fato gerou questionamentos bastante incisivos no pais e em outros países a partir da segunda grande guerra (Alemanha, EUA, Canadá, Portugal), pois a busca por “cientificidade” e afirmação na universidade deu origem a diferentes postulados, o que, naturalmente, também veio a acontecer em solo brasileiro, calcados em novas denominações como Kinesiologia, Ciência da Atividade Física, Ciência da Motricidade Humana, Ciência do Esporte ou Esporte etc. O ponto culminante dessa discussão apareceu subjacente à Resolução CFE nº 03/87, no Parecer CFE 215/85, por ocasião da criação do Bacharelado e a manutenção da Licenciatura. Embora a justificativa fosse o mercado de trabalho, o que de fato estava em jogo era a introdução de um novo modelo curricular, denominado de “técnico-científico”, no lugar de um currículo centrado mais nos conteúdos gímnico-desportivos. Com isso se pretendeu dar um “corpo de conhecimento teórico” para a Educação Física. Na luta pela conquista desse novo espaço, o curso de Bacharelado não tinha como referência apenas o mercado de trabalho, mas, e principalmente, a busca do reconhecimento da Educação Física na Universidade também como um campo de conhecimento científico. Esta questão apareceu de forma mais nítida nos programas de pós-graduação da área em que às vezes se mesclou a disciplina acadêmica “Educação Física” com a proposta da Ciência da Motricidade Humana. Dessa forma, conhecer os antecedentes que originaram as discussões epistemológicas na área significa desvelar parte desse quadro sociocultural e histórico de diferentes épocas, assinalados pelos avanços e estagnações da sociedade brasileira. Neste contexto, a história, como prática social, nos auxilia a reconhecer os diferentes ritmos socioculturais (LE GOFF, 1992), bem como nos ajuda a entender como a formação profissional, no âmbito da “motricidade humana”, tem sido construída no campo da Educação Física..