Fragmentos de Pesquisa no Futebol: a circulação transnacional e as práticas religiosas de futebolistas brasileiros(as)

Por Carmen Silvia Rial (Autor).

Parte de Vinte Anos de Diálogos: Os Esportes na Antropologia Brasileira . páginas 159 - 172

Resumo

Introdução
O título do livro inspira a balanços e avaliações retrospectivas. Seguirei a sugestão. Tenho pesquisado futebol, ou melhor, “os” e “as” praticantes de futebol, nos últimos vinte anos2, época em que cresceu exponencialmente os estudos de antropologia sobre esportes, e especialmente sobre futebol no Brasil. Não sem tempo. O futebol é um objeto antropológico, não só porque reúne milhões de pessoas, mas porque tem um calendário sazonal, uma terminologia própria, um panteão de protagonistas, símbolos totêmicos, afirmação de pertencimento e identidade que envolve sentimentos como o desejo, a vingança, o sacrifício, o dom, a glória. Envolve performances que não são iguais a dos atores de teatro pois seus protagonistas não conhecem o final da peça, nem a de filmes, pois ocorre ao vivo (AUGÉ ,2019). Também abrange diferentes escalas, sendo uma excelente via de acesso a processos de globalização (finanças, mobilidade dos principais praticantes, mediatização), bem como de identidades nacionais, regionais e locais. O futebol pode ser, assim, uma porta de entrada para a antropologia compreender diversas dimensões da sociedade.