Resumo
A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal em relação à massa magra, sendo uma doença com aumento da prevalência nos últimos anos. O Objetivo desse trabalho foi estudar a frequência da obesidade e os fatores determinantes em crianças e adolescentes com síndrome de Down. Casuística e Métodos: O estudo foi realizado em 47 crianças e adolescentes matriculados no Centro de Educação Especial Síndrome de Down, divididos em 3 sub-grupos, em faixas etárias, para a análise dos resultados: A) de 5 a 10 anos; B) de 11 a 15 anos e C) de 16 a 20 anos de idade. As variáveis estudadas foram: peso, estatura, índice de massa corporal (IMC), dobra cutânea triciptal (DCT), dobra cutânea subescapular (DCSE), circunferência da cintura (CC), bioimpedância (BIA) e prática de atividade física com a interpretação pelo IPAQ versão curta. Para comparação das proporções foi empregado o teste do Qui-quadrado ou teste exato de Fischer. Para correlação entre o IMC e a DCT, DCSE, CC e BIA foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: A idade das crianças e adolescentes com SD variou de 5 a 20 anos com média de 12,17 anos. Em relação à estatura, observou-se que empregando os valores de referência do Center for Disease Control and Prevention (CDC), 25/47 (51,19%) apresentaram baixa estatura. Contudo, empregando-se uma curva especifica para a síndrome de Down, curvas de Cronk et al., apenas 1/47 (2,12%) apresentou baixa estatura. A freqüência da obesidade por meio dos diferentes indicadores foi: IMC = 36,17%, DCT = 30%, DCSE = 62,50%, CC = 22,85% e BIA = 7,31%. A freqüência de obesidade por meio do IMC não apresentou diferença estatisticamente significativa nas seguintes faixas etárias: 5 a 10 anos, 11 a 15 anos e de 16 a 20 anos. O coeficiente de correlação entre o IMC e os outros métodos de avalição nutricional foi de: 0,67 com a DCT, 0,71 com a DCSE, 0,95 com a CC e 0,55 com o percentual de massa gorda da bioimpedância. Em relação à atividade física observou-se que 4/17 (23,52%) foram classificados como sedentários, 1/17 (5,88%) foram classificados como insuficiente ativo A, 5/17 (29,41%) foram classificados como insuficiente ativo B, 4/17 (23,52%) como ativo e 3/17 (17,64%) como muito ativo. Quando esses resultados foram comparados com o estado nutricional, não foi observada correlação significativa. Nas mães de crianças e adolescentes com síndrome de Down, observou-se sobrepeso em 4/10 e obesidade em 4/10. Conclusões: 1. Há baixa estatura na maioria das crianças e adolescentes se for adotada como referência a curva do CDC. 2. É alta a freqüência de obesidade nas crianças e adolescentes com SD na faixa etária de 5 a 20 anos, variando de 22,85% a 62,50%, de acordo com o método adotado (IMC, DCT, DCSE e CC). 3. Não há diferença da freqüência de obesidade em relação ao gênero nas diferentes faixas-etárias avaliadas. 4. Observou-se correlação entre IMC e os diferentes métodos aplicados para avaliação nutricional (DCT, DCSE, CC e BIA). 5. Não foi observada relação entre obesidade e nível de atividade física em 17 questionários analisados.