Resumo

O trabalho trata de diversos aspectos relacionados ao universo do futebol em São Paulo, entre 1910 e meados da década de 1930. O fio condutor das discussões é a trajetória, como atleta, de Friedenreich, considerado o primeiro grande ídolo esportivo brasileiro. O percurso é longo, das várzeas ao aristocrático Paulistano; das ruas da cidade à seleção brasileira. Como eixos centrais da dissertação, a relação entre o futebol e o mundo urbano e moderno em construção na cidade; e a possibilidade de se vislumbrar, a partir dos campos de futebol, a forma como a questão da identidade se apresentava na metrópole que nascia. Parte-se do pressuposto que o futebol é elemento integrante de um contexto social mais amplo e, como tal, é capaz de apresentar, refletir, reproduzir e refratar uma série de fenômenos próprios do universo do qual é parte integrante. Naquela cidade que se urbanizava e crescia de forma bastante desordenada e, ainda, buscava modernizar-se tomando como apoio algumas idéias e práticas preferencialmente trazidas da Europa, encontra-se o futebol. Dos campos enlameados e improvisados dos subúrbios aos estádios dos clubes da elite, Friedenreich esteve presente nos diversos espaços sociais da cidade, revelando muitos dos dilemas existentes no país naquele momento. A forma como aquele que foi tido como o primeiro Rei do Futebol empreende sua trajetória é capaz de jogar luz sobre questões fundamentais de seu tempo. Fried pode, afinal, nos dizer um pouco até que ponto éramos modernos, ou se ainda vivíamos sob os velhos princípios do passado; e, ainda, nos mostrar em que bases as identidades paulista e brasileira estavam sendo forjadas naquele momento, a fim de dar alguma forma e coesão àqueles tempos e lugares em transformação

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