Função Musculoesquelética de Idosas Caidoras e Não Caidoras da Comunidade
Por L. H. Gallo (Autor), L. L. Rossetin (Autor), E. V. Rodrigues (Autor), D. S. Macedo (Autor), J. B. Silva (Autor), B. C. Luna (Autor), M. E. M. Schieferdecker (Autor), V. L. Pintarelli (Autor), A. R. S. Gomes (Autor).
Resumo
A queda é considerada um dos maiores problemas de saúde da população idosa e suas causas são consideradas multifatoriais, relacionadas a fatores intrínsecos (e.g. estabilidade postural, equilíbrio, força muscular e aspectos psicológicos, como medo de cair) e extrínsecos (aspectos sociais e ambientais). No Brasil, estima-se que 30% de idosos com idade igual ou superior a 60 anos, tem a experiência de pelo menos uma queda em um período de doze meses. Ainda, estudos têm demonstrado que uma a cada cinco pessoas, relativamente ativas e viventes na comunidade, relatam medo de cair. Assim, o objetivo do presente estudo foi comparar a mobilidade funcional, potência muscular, velocidade da marcha, risco de quedas e medo de cair de idosas, caidoras e não caidoras, da comunidade. Participaram do estudo 85 idosas fisicamente independentes e viventes na comunidade de Curitiba-PR e região metropolitana. Para avaliação foram adotados os seguintes testes: Perfil de Atividade Humana (PAH) para nível de atividade física; Timed up and go test (TUG) para mobilidade funcional e risco de queda; Teste de sentar e levantar cinco vezes (TSL5x) para potência muscular; velocidade da marcha em 10 m (VM) e Escala do Medo de Cair (Falls Efficacy Scale - International Brasil- FES-I). Caso a participante, quando questionada, relatasse ocorrência de quedas nos 12 meses precedentes ao estudo esta seria classificada como caidora. Foi realizado o teste ANOVA One way, para amostras independentes, e adotado nível de significância p <0,05, para comparação entre idosas caidoras e não caidoras. Foi observada uma prevalência de quedas em 28% da amostra, sendo 24 idosas caidoras (70,9±5,5 anos; 1,56 ±0,05 m; 70±13kg; 29 ±5 kg/ m2) e 61 não caidoras (70,6±4,2 anos; 1,55 ±0,07 m; 68 ±12 kg; 28 ±4 kg/m2). Ambos os grupos apresentaram-se moderadamente ativas (caidoras: 61,7±8,6 pontos e não caidoras: 63,2±10,1 pontos). Não foi encontrada nenhuma diferença estatística entre idosas caidoras e não caidoras, para nenhum dos fatores intrínsecos analisados neste estudo: TUG (caidoras: 7,94±1,49s; não caidoras 7,64±1,25s; p=0,36), TSL5x (caidoras: 11,05±2,25s; não caidoras: 11,02±1,80s; p=0,96), VM (caidoras: 1,49±0,23m/s; não caidoras: 1,48±0,26 m/s; p=0,83) e FES-I (caidoras: 25 (17-44) pontos; não caidoras: 25 (16-45) pontos; p=0,74). Pode-se concluir que idosas da comunidade moderadamente ativas apresentaram prevalência de 28% quedas, embora o medo de cair tenha sido comum também em idosas que não tiveram a ocorrência de quedas. Porém, avaliações musculoesqueléticas funcionais não indicaram diferenças entre caidoras e não caidoras. Portanto, avaliações neuromusculares e de equilíbrio mais detalhadas devem ser realizadas, para investigar os fatores intrínsecos relacionados a quedas em idosas ativas da comunidade.