Resumo

Fatores como obesidade e idade podem desencadear mudanças na função pulmonar e muscular respiratória. Essas mudanças podem ser explicadas por alterações mecânicas, inflamatórias, adaptação das fibras musculares devido à sobrecarga crônica, alterações na localização de gordura corporal e também pelo passar da idade. A avaliação e interpretação da força muscular respiratória (FMR) na obesidade têm sido discutida na literatura e seus achados se mostram por vezes controversos, uma vez que são escassas equações preditivas da FMR que levem em consideração a massa corporal ou que foram elaboradas a partir da população de obesos. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar possíveis relações da idade, das características antropométricas e da distribuição de gordura corporal com a função pulmonar e muscular respiratória de mulheres e, também, elaborar equações preditivas para a FMR. Trata-se de um estudo transversal, composto de 156 mulheres, com índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 55 kg/m2 e idade entre 25 e 65 anos. Foram realizadas avaliações das características antropométricas, dos volumes e capacidades pulmonares por meio da espirometria e da FMR por meio das pressões respiratórias máximas, utilizando-se um manovacuômetro. Foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, testes de comparação intergrupos ANOVA com post hoc de Tukey e Kruskal Wallis com post hoc de Dunn e testes de regressão linear simples e múltipla com critério de seleção “stepwise”. Após testes de regressão, observou-se que a idade exerceu maior influência na capacidade vital lenta (CVL), explicando 35% das suas variações e entre os componentes da CVL, 23% das variações no volume de reserva expiratório (VRE) se devem à idade. A estatura exerceu maior influência nos volumes e capacidades pulmonares, explicando 30% das variações da capacidade vital forçada. A massa corporal explicou 21% das variações da pressão expiratória máxima (PEMax) e 12% das variações da pressão inspiratória máxima (PIMax) e o IMC, 29% das variações do VRE. A circunferência do pescoço (CP) explicou 18% das variações da PEMax e a circunferência da cintura (CC) 29% das variações do VRE. Com base na análise de regressão, novas equações para a PIMax e PEMax foram propostas, levando em consideração a massa corporal. Conclui-se que com o aumento do IMC e da CC contribuem para o declínio do VRE, assim como o passar dos anos, contribui para o declínio da CVL, entretanto, sem comprometer a função pulmonar de mulheres até os 65 anos de idade. A FMR se mantem preservada em mulheres até 65 anos com a mesma classificação de IMC. Entretanto, a FMR aumenta com o aumento da massa corporal e do IMC.Equações preditivas para a FMR de mulheres de 25 a 65 anos levando em consideração a massa corporal podem contribuir para a adequada interpretação do comportamento dos músculos respiratórios na presença da obesidade.

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