Resumo
O objetivo do estudo foi avaliar a função pulmonar de indivíduos obesos mórbidos submetidos à gastroplastia, relacionando as modificações espirométricas com a perda de peso. A pesquisa caracterizou-se como estudo de caso controle observacional. Foram selecionados por conveniência 25 indivíduos adultos obesos mórbidos, de ambos os sexos, divididos em dois grupos: Cirúrgico (n=15) e Controle (n=10), recrutados na Clínica de Obesidade na cidade de Maringá-PR, provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os indivíduos foram entrevistados utilizando o instrumento com 29 questões abertas e subjetivas relacionadas aos hábitos diários, doenças prévias e pulmonares, sinais e sintomas respiratórios, história familiar de obesidade, hábitos de atividade física e a utilização de medicações. Foi avaliada a função pulmonar na fase inicial e após três meses consecutivos à cirurgia. Mensuraram-se os valores espirométricos da capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório em um segundo (VEF1), fluxo expiratório forçado (FEF), pico de fluxo expiratório (PEF), índice Tiffenau (IT), capacidade inspiratória (CI), volume de reserva expiratório (VRE) e ventilação voluntária máxima (VVM), tanto no grupo cirúrgico como no controle .Foram avaliadas a mobilidade torácica, circunferência abdominal (CA), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD). Utilizaram-se os testes t de Student pareado, MANOVA e teste de Friedman para medidas repetidas, com nível de significância p<0,05. Os grupos foram semelhantes em todas as variáveis na fase inicial e 63,31% dos indivíduos de ambos os grupos apresentavam distúrbios pulmonares. Após três meses, o grupo cirúrgico apresentou redução média de 22 kg (18,8%) do peso (p<0,001) e do IMC (p<0,001). O grupo controle manteve o peso corporal e IMC, no entanto aumentou a PAS (p<0,001). Nas análises intra-grupo, o grupo cirúrgico apresentou aumento significativo da CVF (p=0,033) e VRE (p=0,005), e redução do FEF (p=0,02). O grupo controle não apresentou modificações na espirometria. Na comparação intergrupos, após três meses, o grupo cirúrgico apresentou maior CVF (p=0,05) e VRE (p=0,009) quando comparados aos valores do grupo controle. Conclui-se que a redução de peso após cirurgia bariátrica melhorou alguns parâmetros espirométricos que se relacionam aos distúrbios pulmonares. Sugere-se maior tempo de acompanhamento da função pulmonar, evidenciando melhores resultados da perda de peso para a função pulmonar.