Resumo

Este artigo, de natureza teórico-conceitual, se propõe a discutir a prática do futebol por mulheres enquanto uma possibilidade de questionamento das divisões binárias que operam na produção dos nossos corpos. O futebol é comumente considerado uma prática eminentemente masculina, tendo em vista sua vinculação histórica com a produção de uma masculinidade hegemônica. O próprio corpo, na medida em que se converte em objeto de interesse na esfera pública, torna-se um campo político a ser disputado, governado, controlado. Entendemos que as mulheres futebolistas apontam para uma potência questionadora dessa ordem, produzindo também fissuras na superfície lisa e linear das normas de gênero.

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