Editora Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Moçambique 2023. 315 páginas.

Sobre

Prefácio

A perspectiva de conjunto é por vezes melhor apreendida nos mais pequenos detalhes. De acordo com Thomas Hylland Eriksen, a importância da antropologia reside precisamente na habilidade para examinar «grandes questões» em «lugares pequenos».1 É exactamente isso que Nuno Domingos consegue em Futebol e Colonialismo. Corpo e Cultura Popular em Moçambique. À primeira vista, este trabalho é sobre futebol e o modo como era praticado em Lourenço Marques – a maior cidade e centro administrativo da colónia portuguesa de Moçambique – na primeira metade do século XX. O trabalho interpreta o desenvolvimento do jogo desde a fundação dos primeiros clubes formados por expatriados ingleses, passando pela organização em Moçambique de filiais de clubes metropolitanos, como o Sporting e o Benfica, até à abertura destes clubes a membros de uma elite africana, a maior parte deles mestiços, e à criação da Associação Africana de Futebol, com jogadores, na sua maioria, provenientes das classes trabalhadoras africanas que viviam na periferia pobre da cidade onde estes jogos decorriam.