Resumo

A presente dissertação tem o objetivo de demonstrar que projetos futebolísticos implantados no campo esportivo entre 1966 e 1971 foram produtos dos próprios dirigentes futebolísticos. Este trabalho, então, privilegia uma perspectiva de que esses dirigentes teriam alinhado seus interesses políticos aos dos governos militares em detrimento da ideia passiva de que a ditadura militar teria se apropriado do futebol. Tendo consciência de que o presente tema representa um contraponto sobre o que se tem sido produzido até então, acerca do binômio futebol e ditadura, o presente trabalho inicia sua análise nos projetos políticos da ditadura militar para o esporte brasileiro. Foram observados os diagnósticos, planejamentos e reformas no Sistema Desportivo Nacional, alçando os principais focos de atuação do governo ditatorial no campo esportivo. A análise ainda objeta o principal órgão público de gerência esportiva, o Conselho Nacional de Desportos (CND), para se compreender os atributos práticos dessa instituição. Ao estabelecer esse órgão como alvo, é possível observar a grande envergadura de poderes dessa instituição, o perfil dos seus integrantes e a práxis assumida pelo referido órgão. Por fim, este trabalho apresenta uma forte ligação entre o CND e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), permitindo que o presidente da CBD, João Havelange, conseguisse implantar seu projeto de poder em virtude desse estreitamento. Portanto, nesta dissertação, o Campeonato Brasileiro de Futebol é entendido como produto do projeto de poder traçado por João Havelange à frente da CBD e não como um projeto da ditadura militar.

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