Resumo

A temática que envolve esporte e lazer, especialmente o futebol, é cada vez mais percebida como um tema de investigação social privilegiado, que pode ser relacionado com questões como história, comunicação, política, identidade, cultura, juventude, educação, saúde, globalização, marketing, economia, dentre outros. Recentemente, esse campo de estudos ocupou mais espaço na agenda acadêmica nacional devido à presença dos Megaeventos esportivos no Brasil. Inaugurando esse processo em 2007, os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro deram início a um período que se encerrará em 2019 com a Copa América, tendo sediado também a Copa das Confederações, em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Os impactos ecológicos e sociais das preparações desses eventos, bem como as manifestações das chamadas “jornadas de junho” de 2013 intensificaram os debates, reflexões e teorias a respeito da influência dos esportes na vida social. Neste artigo, analisamos a construção de uma relação entre futebol e política em uma perspectiva historiográfica através do surgimento de novos grupos de torcidas de futebol que se denominam antifascistas e contra o futebol moderno, características que serão refletidas neste trabalho. Criadas no início no século XXI, os estádios de futebol passaram a conviver com novas formas de expressão, cujos discursos e comportamentos estão propostos para a discussão neste estudo. Nessa perspectiva, entre os aspectos reproduzidos pelos grupos aos quais nos retratamos estão o antifascismo, o antirracismo, o posicionamento contrário ao machismo, à homofobia, à violência nos estádios e ao conjunto de reformas que modernizaram o futebol ao inseri-lo cada vez mais na lógica do mercado capitalista. Dessa forma, por meio de imagens, depoimentos e reportagens de jornais, historicizamos o surgimento dessas torcidas de futebol e a elaboração de uma visão de mundo sob a ótica das novas torcidas a fim de analisar o pioneirismo da torcida Ultras Resistência Coral, do Ferroviário Atlético Clube, criada em 2005. Dito isso, buscamos compreender o cenário atual do futebol e da política, tendo a pretensão de não encerrar a temática, uma vez que o tempo presente emerge de diversas formas para a investigação histórica e com questões que o pesquisador não pode furtar-se.