Resumo

O trabalho que se segue busca compreender como garotos de um pequeno clube de futebol, o Internacional Clube do Recife, do Bairro de Campina do Barreto, são enquadrados em esquemas interpretativos que pressupõem a atualização de certos valores, ideais e protocolos de comportamento que dizem respeito a uma (im)provável carreira de jogador de futebol. A partir da teoria de Goffman, que defende ser possível observar uma série de rituais cotidianos que animam um sentido específico de “eu”, fiz uma observação participante entre os meses de abril e agosto de 2012. Além do diário de campo, o material que hora analiso foi erigido através de entrevistas e o uso de recursos audiovisuais. Ao longo do trabalho são descritos e analisados uma série de situações em que um conjunto de regras e valores do universo do futebol como elementos da fachada pessoal, preocupação com o corpo e com a presteza para as práticas ensinadas, são consagrados através de rituais levados a cabo por atores diversos em um delicado contexto de uma “instituição aberta”. Conclui-se que apesar de todos os elementos perturbadores que incidem sobre esse processo como a ausência de implementos, de tempo, de isolamento e as condições péssimas de trabalho, tais dramatizações fazem os indivíduos considerarem-se aptos e desejarem se realizar como esportistas. Um horizonte de prática social que faz sentido devido à importância central que o futebol tem para nós como povo.

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