Resumo

O presente trabalho analisa sociologicamente a violência expressa através do futebol a partir da visão e interpretação dos árbitros. Estes, apesar de serem elementos fundamentais para a realização de uma partida, estão distantes dos estudos acadêmicos. Para a efetivação desta dissertação foi realizada uma revisão de literatura buscando sistematizar estudos acerca da história e desenvolvimento do futebol, das formas de controle das violências no seu interior e o processo de surgimento dos árbitros e suas demandas no futebol. A análise documental baseia-se nas regras oficiais da modalidade e suas modificações e manuais e circulares fornecidas aos árbitros pelas principais instituições futebolísticas. O referencial teórico de análise escolhido foi a Sociologia Figuracional de Norbert Elias. A coleta de dados foi realizada através de entrevista semi-estruturada com seis árbitros paranaenses que integram o quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A partir dos depoimentos coletados buscamos investigar as interdependências estabelecidas pelos árbitros no que tange o desempenho de sua função e controle da violência. O processo de esportivização do futebol, partindo dos jogos populares e aristocratas ingleses até o esporte moderno, trouxe diversas mudanças estruturais. Estas novas demandas esportivas trouxeram a necessidade da presença de elementos e instâncias neutras e mediadoras, como os árbitros. Constatamos que a violência é algo habitual a esses agentes e que as possibilidades de prevenção e controle da violência passam por outras instituições como a mídia e os tribunais esportivos. O caráter flexível e interpretativo das regras em sua aplicação gera discórdias a respeito da temática, sendo, em nossa opinião, um dos pontos responsáveis pelo fascínio provocado pelo futebol. 

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