Resumo
O Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta elevados gastos em saúde nos tratamentos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis e aos efeitos deletérios da inatividade física, fator que se agrava ainda mais com a epidemia de obesidade. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi analisar os gastos de pacientes atendidos pela atenção primária, segundo a presença de obesidade e atividade física habitual. Para isto, foram avaliados pacientes com idade igual ou acima de 50 anos, atendidos em Unidades Básicas de Saúde do município de Bauru (SP). A tese é decorrente de uma coorte em andamento com 8 anos de acompanhamento. Foram coletadas informações sobre a presença de obesidade, calculada pelo índice de massa corporal (IMC); a condição econômica foi registrada por meio do questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa; o nível de atividade física habitual foi obtido com o questionário de Baecke; o diagnóstico de doenças foi observado por questionário e os dados referentes aos gastos em saúde de cada paciente foram computados pela análise de seus prontuários. Para a análise estatística, foram utilizados os testes de Mann-Whitney, qui-quadrado, correlação Spearman, regressão linear, teste T independente, ANOVA para medidas repetidas e General Structural Equation Model (GSEM), com modelagem latent growth analysis, foram adotados como nível de significância p<0,05 e o software usado foi o Stata 16.0. Como resultados principais, destacam-se, no sexo feminino, a quantidade de vezes que as pacientes foram diagnosticadas com obesidade ao longo de 8 anos, associada inversamente com a idade (p=0,001) e a atividade física habitual (p=0,008) e positivamente com gastos em saúde (p=0,041). Quando comparados os cinco momentos (2010, 2012, 2014, 2016 e 2018) para a avaliação da trajetória das variáveis analisadas, houve diferença estatística ao longo do tempo para IMC (p=0,003), atividade física habitual (p=0,001) e gastos em saúde (p=0,001). E, por fim, a variável IMC na linha de base (2010) afetou a trajetória dos gastos em saúde no decorrer dos oito anos (R$ 8,02 (R$ 1,05; R$ 14,99) p=0,024). Assim, pode se concluir que os principais determinantes que influenciaram a obesidade foram idade, atividade física habitual e gastos em saúde. Também no seguimento dos oito anos, o aumento dos gastos em saúde mostrou ser influenciado pelo IMC, avaliado na linha de base, de pacientes atendidos no SUS do município de Bauru (SP).