Resumo

Este tem como objetivo investigar os impactos da política de gestão do Estado do Rio Grande do Sul, governo Yeda Crusius (2007-2010), na prática pedagógica dos/as professores/as de Educação Física após a determinação da fusão das turmas masculinas e femininas, em 2007, as quais estavam sendo ministradas separadamente, numa realidade específica da rede estadual de ensino. Por se tratar de uma pesquisa no contexto escolar vislumbrando as relações políticas, sociais e econômicas ali estabelecidas a abordagem qualitativa foi escolhida para nortear o desenvolvimento da pesquisa. As técnicas de coleta de dados adotadas foram a entrevista semi-estruturada e a análise de documentos. Para a interpretação dos dados seguimos as orientações da análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Participaram do estudo quatro professoras de Educação Física de uma escola estadual do município de Santa Cruz do Sul/RS. Para atingir o objetivo proposto buscamos, num primeiro momento, contextualizar as políticas públicas educacionais no Brasil partindo da adoção no país dos princípios neoliberais paralelamente a mundialização do capital. Logo, tratamos das políticas educacionais no Rio Grande do Sul, gestão de governo 2007-2010. E, em um último momento do estudo, fechamos com o “efeito cascata” da política pública educacional brasileira e gaúcha nas aulas de Educação Física relacionando-a com a questão de gênero. Nas entrevistas as professoras foram uníssonas nas críticas à política de ajuste fiscal incorporada pela gestão do governo do Estado no período analisado e a conseqüente ausência de diálogo com o magistério público estadual, que teve como desdobramento a intensificação e precarização da atividade docente. Esta precarização é reforçada com a implementação de um sistema de avaliação externa fundamentado em critérios classificatórios e meritocráticos, absolutamente articulados com os princípios da administração gerencial. Em relação às aulas de Educação Física constatou-se que o esporte continua sendo o conteúdo mais desenvolvido nas aulas embasado no desempenho técnico dos/as alunos/as. As docentes confirmaram suas preferências por aulas separadas de meninos e meninas e demonstraram resistência as aulas mistas, com argumentos para justificar a separação pautados nas diferenças biológicas. Por isso, a reflexão sobre as questões de gênero no ambiente escolar devem ser debatidas para desmistificar as concepções culturalmente instituídas. O estudo revelou também que as políticas implantadas pelo governo Yeda Crusius, causaram inúmeros impactos negativos na prática pedagógica docente e no contexto escolar. Assim, constatamos que diferentes esferas sociais foram atingidas por um conjunto de medidas fundamentadas no neoliberalismo que apenas atendem os interesses do capital.  

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