Resumo

Representações de machismo e sexismo ainda são fortemente visíveis na sociedade, sendo o esporte também é atravessado por tais práticas. O objetivo do presente trabalho foi compreender de que maneira a mídia esportiva retratou a performance de mulheres atletas durante a edição dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. A pesquisa se caracterizou pela abordagem qualitativa do tipo documental e o corpus empírico foi constituído por nove reportagens da mídia esportiva compiladas pelo web jornal El País-Brasil, das quais três foram analisadas. Os resultados foram analisados a partir da elaboração de três categorias: 1) Reportagens que focavam na estética corporal das atletas e não suas performances; 2) Reportagens que, mesmo com o feito da atleta, evocavam figuras masculinas para “explicar” suas performances; e 3) Reportagens que visavam comparar as performances das mulheres com a de atletas homens. A partir dos resultados, percebe-se que a representação da mídia sobre a participação de mulheres atletas nos Jogos Olímpicos no Brasil (re)produz o machismo e a misoginia. A partir das análises, percebe-se que há uma subjugação da mulher no âmbito esportivo, seja por meio de ridicularização de seu corpo, comparação com o masculino ou colocando-a à sombra do homem.

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