Resumo

Partindo do reconhecimento de que a mídia reforça desigualdades e invisibilidades com a predominância do futebol masculino nas coberturas esportivas, o projeto Dibradoras surge em 2015, com uma atuação posicionada, engajada e que se ocupa de conferir protagonismo às mulheres no esporte. Segundo Stuart Hall (1998), todas as notícias são produzidas a partir de mapas culturais de significados do mundo social acionados pelos jornalistas. Neste trabalho, conceituamos a cobertura do Dibradoras como jornalismo esportivo feminista, que se apoia num mapa cultural do esporte ressignificado e em transformação. Com o objetivo de identificar aspectos desse novo mapa que fundamenta a produção social da notícia, além de nos aprofundarmos nas discussões sobre gênero e esporte e imprensa feminista, analisamos o Dibradoras a partir das três instâncias de noticiabilidade propostas por Gislene Silva (2014), que estão na origem, no tratamento e na visão dos fatos: os valores-notícia, a organização que produz o conteúdo e os fundamentos éticos, filosóficos e epistemológicos do jornalismo. O corpus de análise é composto por textos publicados em 2018 – ano em que o Dibradoras passou a integrar a blogosfera do UOL e foi projetado nacionalmente –, além de entrevistas com profissionais do campo esportivo. Entre os resultados, concluímos que a noticiabilidade no Dibradoras se desenvolve ao mesmo tempo em que as jornalistas se reconhecem como mulheres feministas e fazem uma autocrítica a respeito dos seus papéis enquanto porta-vozes do debate da participação feminina no esporte. Além disso, em uma compreensão teórica e empírica do jornalismo esportivo feminista e do mapa cultural esportivo ressignificado e em transformação, estabelecemos 20 princípios que podem servir como base para outras produções. Essas novas narrativa funcionam como parte do processo de mudança para conferir protagonismo e oportunidade às mulheres, e reforçar seu lugar no esporte

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