Resumo
Vivemos em uma sociedade em que diferentes culturas esperam comportamentos distintos entre meninos e meninas. Conseqüentemente, as definições de papeis sexuais e os comportamentos adquiridos levam as crianças a vivenciarem a própria corporeidade e motricidade, através de experiências diferenciadas, no percurso do próprio desenvolvimento. Neste entendimento, com base nas referencias bibliográficas, procuramos averiguar a existência de relações entre esquema corporal (identificação do corpo) e desempenho escolar, de meninos e meninas, do 1 ciclo de Formação, ano 3, do Ensino Fundamental, bem como estudar as percepções de gênero apresentadas pelas professoras do 1 ciclo, após analise dos resultados dos testes do esquema corporal e do desempenho escolar. A metodologia empregada foi de natureza quanti-qualitativa, privilegiando o paradigma fenomenológico-hermeneutico. Os sujeitos foram quarenta alunos de ambos os sexos, com idade de 9 anos, freqüentando escolas municipais na cidade do Rio de Janeiro, e quinze professoras que lecionavam em turmas de ciclo de Formação. Como instrumentos, aplicamos o Teste da Figura Humana nos alunos para verificarmos o marco referencial que eles tinham sobre si próprios, empregando a analise de protocolo. Utilizamos a analise e conteúdos para estudar as falas das professoras. Os resultados apontaram que o total de pontos adquiridos pelo desenho de cada criança, no Teste da Figura Humana, correspondia ao respectivo desempenho escolar. Os dados forneceram evidencias de que há uma estreita relação entre o conhecimento do próprio corpo e o desempenho escolar. Em relação as professoras, verificamos que existe um distanciamento entre a pratica e a teoria, tanto em relação ao gênero, quanto aos movimentos corporais e o desempenho escolar. As docentes não manifestam noção de que o desempenho escolar infantil depende de vivencias corporais de forma natural em interação com o meio exterior. Isto, nos permitiu inferir que a motricidade, como etapa da organização do esquema corporal necessária às crianças, ainda não é considerada pelas docentes como essencial ao desenvolvimento global da criança.