Resumo

No período gestacional a mulher está mais suscetível às recomendações dos profissionais de saúde que a acompanha durante todo o pré-natal, sendo um momento propicio para orientá-las a adotarem um estilo de vida ativo. Entretanto, devido à alta prevalência de inatividade física na gestação, deve-se analisar a lacuna que existe entre a recomendação e a prática de atividade física no lazer/exercício físico realizado pelas mulheres neste período. Dessa maneira, o objetivo do presente estudo é verificar a associação entre a prática regular de atividades físicas no lazer e/ou exercícios físicos na gestação e orientações recebidas durante o atendimento de pré-natal. Trata-se de um estudo transversal com 290 puérperas (captadas no pós-parto imediato) de dois hospitais de Santo André, sendo um da rede pública e outro da rede privada de atendimento de pré-natal. Adicionalmente, participaram 45 profissionais de saúde captados em clínicas, hospitais, consultórios e postos de saúde. Utilizou-se um questionário para obter informações referentes à prática de atividade física no lazer/exercício físico e ao aconselhamento realizado pelo profissional de saúde. Para avaliar associação e concordância foi realizado o teste de qui-quadrado, a análise de regressão logística binomial e análise de Kappa, considerando-se o nível de significância inferior a 5%. As usuárias do serviço privado possuíam maior idade, renda e escolaridade (p<0,001). Todavia, as puérperas do serviço público apresentavam maior nível de atividade física (p<0,001) e consequentemente maior gasto energético (p<0,001). Mas, 56,8% do gasto energético eram influenciados pela atividade física doméstica (p=0,011). Houve maior frequência de recomendação para a prática de atividade física no lazer/exercício físico para as mulheres do serviço privado. A prática de atividade física pré-gestacional e a presença de recomendação do profissional de saúde estavam associados ao nível de atividade física no lazer, aumentando a chance da mulher atingir a recomendação (150 minutos de atividade física semanal). A maioria das mulheres citou a falta de tempo e de interesse como principais barreiras a adoção de um estilo de vida ativo. Em relação aos profissionais, observou-se que há associação entre a recomendação de atividade física no lazer e a formação do profissional. A prática da caminhada e a hidroginástica foram as atividades mais recomendadas. Em relação ao volume semanal e a intensidade da atividade física, 35,4% dos profissionais recomendavam pelo menos 150 minutos e 66,7% recomendavam a intensidade leve. Não houve concordância entre as informações percebidas pelas mulheres durante o pré-natal com as recomendações proferidas pelos profissionais de saúde, demonstrando a importância de desenvolver estratégias para suprir esta lacuna na comunicação entre a usuária e o profissional. Ainda assim, observa-se que a adequação de conteúdo e forma das recomendações realizadas durante as consultas de pré-natal podem auxiliar no quadro do estilo de vida ativo da mulher. Sugere-se a realização de novos estudos com intervenções com os profissionais de saúde para que se possa formar uma equipe multidisciplinar e oferecer a saúde materno-fetal uma melhor qualidade de vida

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