Gestão de dados populacionais com uso de assistente virtual em formato chatbot

Ferramentas digitais de gestão de dados populacionais (data analytics) na área da saúde têm se tornado poderosas aliadas na promoção do autocuidado, podendo contribuir com o controle de algumas das principais Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), como obesidade, hipertensão, diabetes e, principalmente, cardiopatias passíveis de serem evitadas por meio da modificação de alguns hábitos de vida que contribuem com o seu surgimento, especialmente a inclusão da prática de atividade física de lazer (AF) em níveis recomendados. Por essa peculiaridade, as características dos usuários dessas ferramentas precisam ser conhecidas, podendo embasar ações de saúde em locais onde são implementadas. Objetivo: Este estudo procurou investigar e comparar essas características a partir de uma amostra de participantes de uma intervenção virtual de saúde com o uso de uma assistente em formato chatbot (AV). Método: De caráter observacional, transversal e descritivo, a pesquisa contou com uma amostra de 29 participantes adultos maiores de 18 anos que responderam a questionários digitais operados por meio da plataforma de mensagens Telegram entre os dias 13/12/2021 e 24/01/2023. Os participantes que permitiram o uso dos dados para a pesquisa foram incluídos neste estudo. Os dados coletados foram: dados pessoais, sendo eles o sexo - feminino ou masculino; idade (anos de vida) - categorizada em adulto jovem (18 - 39 anos), meia idade (40 - 59 anos) e idoso (60 anos ou mais); peso, em massa corporal (em kg) e; estatura (m); condição de saúde cardiovascular, verificando o uso regular de medicamentos e qual o seu uso, presença de sintomas cardiovasculares frequentes (escurecimento de vista, tontura, dor no peito, aceleração do coração ou falta de ar em repouso), doenças cardíacas (doença coronariana, arritmias, insuficiência cardíaca, entre outras) e fatores de risco cardiovascular (hereditariedade, hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia e fumo); e prática de AF, em que o volume de atividades foi calculado pela somatória da frequência semanal pela duração de cada atividade, segundo sua intensidade relatada medida pela escala de intensidade de esforço. Os dados coletados foram automaticamente exportados e tabulados. As comparações das características entre sexos e nível de AF foram realizadas através de testes Qui-quadrado (χ2) ou Fisher nas variáveis categóricas, usando-se o programa SPSS (IBM Corp. Released 2011. IBM SPSS Statistics for Windows, Version 20.0. Armonk, NY: IBM Corp.). Foi considerado significante o nível de p<0,05. Resultados: Observou-se que o grupo era formado por adultos jovens (86,2%), predominantemente do sexo feminino (69%). A maioria era insuficientemente ativa (37,9%) ou inativa (20,7%) no lazer, mas apresentava risco cardiovascular baixo (48,3%) ou moderado (44,8). Observou-se uma maior frequência de participantes do sexo masculino que cumpriam a meta de atividade física para a saúde (p=0,012), inclusive com a inserção de atividades físicas em intensidade vigorosa (p=0,002). Conclusões: O grupo participante da intervenção virtual de saúde com uso da AV foi formado, principalmente, por adultos jovens do sexo feminino que, apesar de apresentarem baixo ou moderado risco de um evento cardiovascular, são insuficientemente ativos em tempo de lazer sendo, assim, candidatos aos benefícios ligados à saúde propostos por esse tipo de solução.