Ginástica Artística e Especialização Precoce: Cedo Demais Para Especializar, Tarde Demais Para Ser Campeão!
Por Myrian Nunomura (Autor), Paulo Daniel Sabino Carrara (Autor), Mariana Harumi Cruz Tsukamoto (Autor).
Em Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (até 2003 Revista Paulista de Educação Física) v. 24, n 3, 2010. Da página 305 a 314
Resumo
Na ginástica artística é comum observarmos ginastas em tenra idade treinando, competindo e obtendo resultados expressivos no âmbito internacional. Assim, frequentemente, a modalidade recebe críticas severas sobre as suas práticas e a necessidade dos ginastas iniciarem o treinamento tão jovens. Mas, no Brasil, ainda há poucos dados sobre a realidade da iniciação e da especialização esportiva na ginástica artística. O objetivo do presente estudo foi investigar, entre os técnicos da modalidade, sobre a idade que eles consideram a ideal para o início da prática e a especialização e os respectivos argumentos. Foram entrevistados 46 técnicos do Brasil que trabalham em todas as categorias de formação que visam ao alto nível. Utilizamos a técnica de análise de conteúdo proposta por BARDIN (2001) para o tratamento de dados. Os dados revelam que a prática e a especialização iniciam em tenra idade em ambos os gêneros. Os técnicos do setor masculino e do feminino citam que a especialização precoce ocorre devido à própria natureza da modalidade, à idade de participação em eventos oficiais e ao tempo de preparação necessário para que os ginastas apresentem condições para competir. No setor masculino, em particular, a necessidade dos ginastas de ingressar no mercado de trabalho pressiona os técnicos a obterem resultados antes que eles comecem a abandonar o esporte.