Resumo

Atividades relacionadas às Ginásticas de Conscientização Corporal são pouco discutidas e exploradas nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental, embora possam favorecer o autoconhecimento e propiciar reflexões críticas acerca do atual modelo econômico-social. Diante disso, o objetivo desta pesquisa é apresentar e analisar uma experiência pedagógica centrada nas Ginásticas de Conscientização Corporal a partir do que é apresentado no Documento Curricular Referencial do Ceará para turmas de nono ano, apontando e refletindo acera de fragilidades e potencialidades observadas no processo. A pesquisa, de natureza aplicada com abordagem qualitativa, é pautada em um conjunto de onze relatos de experiência descritivo-exploratório com duas turmas de nono ano em uma escola pública de Fortaleza, no Ceará. Dos 71 alunos matriculados nas duas turmas, 32 concordaram em terem suas percepções, entendimentos, produções e sugestões compartilhadas nesta pesquisa. Um diário de campo da professora-pesquisadora, registros fotográficos, formulários de aperfeiçoamento semanais mais um conjunto de questionários respondidos pelos(as) alunos(as) foram utilizados como instrumentos de coleta de dados. Estes foram analisados de acordo com a proposta de Minayo para categorização de temática com pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação das informações. Dentre várias fragilidades observadas na experiência, destacam-se as seguintes: a falta de um local silencioso, privativo com temperatura amena, materiais próprios de algumas ginásticas, livro didático para o aluno como suporte de discussões em sala e em atividades para casa; a sobrecarga tensional da professora diante da ausência de gestores para uma regular dinâmica escolar; ausência de formação continuada sobre o tema oferecida pela escola; tempo insuficiente para planejamento pedagógico; a insegurança da professora-pesquisadora diante da pouca experiência com algumas das ginásticas; o barulho advindo da agitação dos(as) alunos(as), o desinteresse, o bullying, dificuldades de concentração, nervosismo, preocupações extremas acerca do julgamento dos colegas e de questões familiares. O período menstrual das alunas mostrou ser um pertinente obstáculo, seja por dor ou por receio de gerar situação desconcertante. E, por fim, a existência de ambiente familiar e/ou comunitário ruidoso e não acolhedor junto a algumas atividades propostas para casa. Algumas potencialidades encontradas foram: o interesse demonstrado ao realizarem atividades diferenciadas pouco ou nunca realizadas antes relacionando-se com assuntos do cotidiano; a proposição de diferentes modos de avaliação de conhecimentos; o desenvolvimento da percepção de evoluções corporais e entendimentos acerca de como relacionar-se melhor uns com os outros; a utilização de recursos audiovisuais e textuais disponíveis gratuitamente na internet; a relação professora-aluno que facilitou o compartilhamento de modos de pensar, preferências, dificuldades, experiências e saberes; -e o acolhimento familiar junto às práticas corporais fora da escola, que fez com que estimulassem o autoconhecimento e propiciassem momentos afetivos. Ao final deste trabalho, entendo como importante o engajamento e aprofundamento de outros professores na discussão da temática, a fim de que melhores experiências escolares possam ser desenvolvidas.

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