Ginástica para elas: primado pela graça e beleza

Parte de GINÁSTICA OU DANÇA: Uma história do Instituto de Cultura Física . páginas 111 - 133

Resumo

Este capítulo tem o objetivo de apresentar algumas definições sobre as práticas que compunham o currículo de ensino do ICF. Entretanto, para uma melhor compreensão acerca do contexto porto-alegrense que fomentou o aceite de tais práticas, buscaremos esclarecer, de forma sucinta, a difusão de uma ginástica de origem alemã, bem como, os termos cultura física e ginástica feminina moderna. Após isso, procuraremos compreender como os intelectuais do dado momento histórico, entendiam práticas como a Ginástica Corretiva, a Ginástica Rítmica, a Plástica Animada, a Ginástica Geral e os Estudos e Improvisações coreográficas. A Ginástica Acrobática, embora não fizesse parte do programa de ensino divulgado pelo Instituto, estará igualmente presente, tomando o fato de que este era um termo existente e citado pela imprensa. Para além das definições das práticas, procuraremos esclarecer, também, algumas questões de gênero, dando luz ao por que determinadas práticas eram mais indicadas às mulheres e não aos homens. As atividades desenvolvidas entre os séculos XVI, XVII e XVIII, no continente europeu, fizeram parte de uma trajetória de construção no modo de ver e tratar o corpo. Igualmente, difundiram parâmetros de utilização das práticas corporais, como um meio de entretenimento e para a preparação do corpo de combate. Ao longo dos séculos supracitados, as práticas corporais foram utilizadas, também, como um modo de diferenciação entre os grupos sociais. Entretanto, a partir dos séculos XVIII e XIX, o caráter e as representações associadas ao campo das práticas corporais inscrevem-se nas funções sanitárias que o exercício possui. Tais mudanças são impulsionadas devido ao avanço da ciência, que vê no exercício físico uma importante ferramenta para o Estado. A partir do século XIX, torna-se sobressalente o discurso que reforça o exercício físico enquanto um instrumento para “[...] aperfeiçoar a natureza humana em geral” (VIGARELLO, 2008, p. 383).