Resumo

A educação do corpo ganha centralidade na formação de um tipo homem adequado ao
contexto que emerge nos anos finais do século XIX e início do século XIX, na Europa, como consequência das Revoluções Industrial e Francesa. Como possibilidade de contribuir com essa formação física, diferentes sistematizações de ginástica foram propostas, desde o século XIX, mais notadamente na Alemanha, Suécia, França e protagonizaram intensos debates em busca de definir uma ginástica mais eficiente/ adequada e de base científica. A ginástica sueca foi constituinte desse movimento ginástico europeu, orientado por uma abordagem de corpo ancorada nos discursos científicos e higiênicos, que almejava adestrar os gestos e controlar as vontades, como parte de um processo educativo. Organizada a partir do início século XIX por Pehr Henrik Ling (1776-1839), essa ginástica foi indicada por Rui Barbosa ainda no final do século XIX e integrou os debates sobre as práticas corporais adequadas à formação física do Brasileiro. Somado as indicações de Rui Barbosa, e de outros intelectuais, os periódicos especializados da Educação Física foram dispositivos potentes na circulação da ginástica sueca, no Brasil, dentre eles a Revista Brasileira de Educação Física (RBEF). Tal Revista, terá Inezil Penna Marinho (1915-1985) como diretor e proprietário. Com isso,esse estudo tem como propósito analisar as contribuições de Inezil Penna Marinho na circulação da ginástica sueca na Revista Brasileira de Educação Física (RBEF), entre os anos de 1946 e 1952. Apesar de ter sido criada em 1944, o marco temporal inicia-se em 1946, quando Inezil assume a direção e propriedade do periódico e termina em 1952, com seu fechamento. Utilizamos os exemplares da Revista no período definido para a pesquisa e sustentamos nosso referencial teórico-metodológico nos estudos da História Cultural, com ênfase nos que tematizam os periódicos enquanto objeto e fonte de pesquisa. Observamos que a ginástica sueca, que circula no Brasil desde fins do século XIX, teve sua divulgação potencializada a partir da presença de Inezil à frente da RBEF. O lugar ocupado por ele no periódico, assim como o contato dele com o Sueco Agne Holmström, potencializaram a circulação dos conhecimentos acerca da ginástica sueca na RBEF. Nos primeiros dois anos da RBEF, entre 1944 e 1946, a ginástica sueca é praticamente ignorada. A partir de 1947 a ginástica sueca ganha espaço na RBEF, constituindo-se, em alguns momentos, a escola de ginástica mais difundida nas páginas do periódico. Como tratava-se de um periódico especializado, acreditamos que os escritos sobre a ginástica sueca que circularam no periódico tenham, em alguma medida, impactado a formação de professores de Educação Física.