Sobre
Livro resgata toda a história do número 1 e mostra como o futebol se modificou em função da evolução dos goleiros
Você sabia que antes, muito antes de Rogério Ceni ser um goleiro artilheiro, antes até do pai de Rogério ter nascido, um arqueiro brasileiro brilhava na Europa desafiando os adversários como cobrador oficial de pênaltis de sua equipe? Que Marcos passou a Copa de 2002 sonhando que levaria um frango igual ao da final do Mundial Interclubes de 1999? Que Félix jogou a Copa de 1970 com as mãos livres e resolveu usar as luvas justamente na decisão contra a Itália? Que Barbosa, mesmo considerado culpado pela derrota de 1950, seguiu sendo convocado pela Seleção e só não foi à Copa de 1954 porque quebrou a perna? Que o goleiro holandês Jan Jongbloed viveu um drama muito pior do que perder duas finais seguidas de Copa do Mundo (1974 e 1978): viu o filho, também goleiro, morrer em campo atingido por um raio? E que Yashin, o Aranha Negra, já vestiu a camisa do Flamengo?
Essas e outras histórias curiosas estão reunidas no livro "Goleiros - Heróis e Anti-Heróis da Camisa 1", do jornalista Paulo Guilherme, que está sendo lançado este mês (MARÇO/2006) pela editora Alameda Casa Editorial, um tributo aos homens que convivem com a glória de pegar um pênalti e a eterna desconfiança de por tudo a perder levando um frango. A obra é recheada de histórias curiosas e emocionantes de goleiros consagrados, como o bicampeão mundial Gilmar dos Santos Neves, outros não tão consagrados assim, como Borrachinha, do Botafogo-RJ, que para honrar o nome do pai parou a máquina do Flamengo de Zico & Cia. Revela ainda as personalidades que na juventude foram goleiros, como Che Guevara, Julio Iglesias e o Papa João Paulo II.
Durante quase quatro anos, Paulo Guilherme mergulhou em uma pesquisa profunda em arquivos de jornais, bibliotecas e gravações de áudio para investigar a importância da figura do goleiro na história do futebol. Colheu depoimentos de feras da posição, como Taffarel, Ronaldo, Waldir Peres, Oberdan Cattani e o uruguaio Roque Máspoli, campeão na Copa de 1950, morto há dois anos. Pesquisou a vida de cada um dos 92 goleiros que defenderam a Seleção Brasileira de 1914 até hoje, incluiu na obra todas as estatísticas deles com a camisa do Brasil, e descobriu histórias incríveis destes e de outros astros da meta. Quase 300 goleiros são citados na obra.
O livro conta toda a história dessa que é a posição mais polêmica do futebol, desde a criação do esporte, o início do jogo de bola no Brasil — quando os aristocratas desfilavam sua elegância em campo e a torcida tentava subornar o goleiro adversário com propostas tentadoras das donzelas — até os dias de hoje, mostrando que a evolução do futebol, as mudanças na regra, nos uniformes, na bola, se deve, em grande parte, à evolução dos goleiros. Enquanto todos reconhecem que o Brasil tem os melhores atacantes do mundo, por aqui o talento dos goleiros brasileiros está sempre sendo questionado. É só chegar o ano de Copa do Mundo que a pergunta vem à tona: "Quem deve ser o goleiro da Seleção?".