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  Depois do impacto da drástica redução de verbas públicas para o alto rendimento, quebrando uma rotina de facilidades financeiras que durou 15 anos, o esporte olímpico viaja para os Jogos Pan-Americanos de Lima com o caixa em baixa. A partir do dia 26, o Pan é o primeiro grande teste esportivo da era governamental do capitão-presidente. 


         Fora os tradicionais favoritos, Estados Unidos, Cuba e Canadá, os demais países não assustam os brasileiros, no geral. E os resultados nas diferentes modalidades ajudarão a projetar o desempenho brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, 2020 para, aí sim, termos o grande balanço pós-Rio 2016.  

Enquanto isso...

         Sete meses depois do início do atual governo, faltam informações oficiais sobre os rumos do esporte no Brasil. Temos uma secretaria, algumas autoridades nomeadas, mas faltam rumos quanto às prioridades, por exemplo. E, principalmente, se o alto rendimento continuará sendo uma responsabilidade do Governo, como até dezembro de 2018. 

         Na falta de definições, dirigentes ficam perdidos, enquanto atletas se multiplicam pelas ruas do país esmolando trocados para viajar e competir. Para um país que sediou megaeventos, é uma vergonha apresentar-se como mendigo do esporte. 

         Historicamente, as forças armadas têm a prática esportiva em suas rotinas. Por isso, estranha-se tanto silêncio num governo de militares, logo nesse segmento que bem conhecem e sabem que não é espaço de lazer, mas de profissionalismo puro. É mais, no dizer do saudoso professor Manoel José Gomes Tubino, ao propor uma Política Nacional de Esporte: 

         “O esporte, ao deixar de ser entendido unicamente na perspectiva do rendimento e passar a ser percebido também na perspectiva do social (esporte educacional, para deficientes, para a terceira idade, etc) passou a intervir efetivamente na saúde, na educação e no lazer das pessoas. É evidente que esta abrangência ampliada do alcance do esporte no país fez com que o mesmo fosse gradualmente se tornando uma prioridade de Estado”. 

         Ao silenciar sobre o assunto, o governo ignora a importância do segmento do esporte na economia do país. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a indústria esportiva brasileira movimenta cerca de R$ 67 bilhões anuais (dado de 2017).

         Mas, quando vierem, de nada valerão decisões do governo se às medidas para o setor não tivermos um diagnóstico do esporte. O que representaram os megaeventos? O que ficou de legado efetivo, humano, principalmente, em todos os seus setores? 

         Mais uma vez é oportuno repetir o professor Tubino: “Não existe planejamento sem um diagnóstico precedente, com indicadores que evidenciam os pontos fortes e os pontos fracos da área a ser planejada”. 

         Nesse panorama o nosso atraso é enorme. Tão grande quanto o silêncio do governo, aumentando os desperdícios nos campos social e econômico, também. 
A coluna voltará em 8 de agosto.