Há Efeito da Idade Relativa nos Atletas Brasileiros Que Disputaram as Olimpíadas de Tokyo 2020?
Por Marcos Lima Barbosa (Autor), Jaíne Cavalcante (Autor), Tatiana Alcântara (Autor), Douglas E. Vieira (Autor), Mabliny Thuany (Autor), Thayse Natacha Q. F. Gomes (Autor).
Parte de Anais do Fórum de Estudos Olímpicos 2021 e III Simpósio Latino-americano Pierre de Coubertin . páginas 39 - 41
Resumo
A performance esportiva de alto rendimento é determinada por fatores individuais e ambientais. Dentre os fatores individuais, destacam-se aspectos morfológicos, técnico-táticos e psicológicos. Porém, a literatura vigente tem apontado o mês de nascimento como um fator que pode influenciar no sucesso esportivo, visto que atletas nascidos nos primeiros meses do ano podem apresentar vantagem maturacional, maior repertório motor e mais oportunidades de prática (treinamento e competições), o que pode conferir vantagens no processo de seleção esportiva – o fenômeno do efeito da idade relativa (EIR). Objetivo: Verificar o EIR entre os atletas brasileiros participantes nas Olimpíadas de Tokyo 2020, considerando categoria esportiva (coletiva, individual ou mista). Metodologia: O estudo possui design transversal, cuja amostra foi composta por 303 atletas brasileiros, com idades entre 13-51 anos, que participaram dos jogos olímpicos de Tokyo 2020. Informações acerca da data de nascimento dos atletas foram obtidas do site oficial do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e os atletas foram estratificados de acordo com o quartil de nascimento (janeiro-março; abril-junho; julho-setembro; outubro-dezembro). O teste de qui-quadrado foi utilizado para verificar diferenças na distribuição do mês de nascimento, consoante categoria. Foi adotado p<0,05 para o nível de significância, e as análises foram realizadas no software SPSS 20.0. Resultados e discussão: No geral observou-se maior frequência de atletas nascidos nos dois primeiros quartis do ano. Quando estratificado por categoria, observou-se maior frequência de atletas nascidos no primeiro quartil para as modalidades coletivas (30.6%), no segundo quartil para as modalidades individuais (29.6%), e no terceiro quartil para as modalidades mistas (41.7%). Porém, resultados do teste de qui-quadrado não mostraram diferenças significativas na frequência de distribuição do quartil de nascimento nas diferentes categorias. Estratégias para reduzir as diferenças de oportunidades geradas pelo EIR no processo de seleção de atletas são importantes, visto que aqueles nascidos nos primeiros meses do ano podem apresentar vantagens biológicas, físicas, cognitivas e de aprendizagem em relação a seus pares de mesma idade cronológica, mas nascidos nos últimos meses do ano. Essas variações podem ecoar no desempenho, com superestimação de resultados observados durante a avaliação e seleção com vistas ao esporte de alto rendimento.