Há influência da imersão em água fria sobre o tônus de membros superiores em nadadores de alto nível após a fadiga?
Por Flávia Alves De Carvalho (Autor), Fernanda Pegorin Diniz (Autor), Igor Papani David (Autor), Isaque Machado Da Silva (Autor), Carlos Marcelo Pastre (Autor), Maria Eduarda Mayumi Ykeda (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Atletas de alto nível são frequentemente submetidos a treinamentos de alta intensidade e volume que podem promover sensações de fadiga e, portanto, períodos recuperativos são recomendados para promoção de saúde e desempenho. Técnicas recuperativas como a imersão em água fria (IAF) são comumente utilizadas para diminuir a fadiga e melhorar a experiência nos treinamentos e competições. No entanto, é importante considerar suas repercussões sobre o desempenho subsequente, principalmente quando há curtos períodos de intervalo como em provas de natação. Nesse contexto, o tônus muscular é uma variável relevante para entender as repercussões da IAF o que pode auxiliar a tomada de decisão em campo.
OBJETIVO: Avaliar o efeito da IAF sobre o tônus muscular dos membros superiores de nadadores de alto nível.
MÉTODOS: Ensaio clínico crossover realizado com 16 nadadores do Centro de Treinamento Esportivo da UFMG de ambos os sexos entre 16-20 anos. Inicialmente, os voluntários realizam um protocolo de fadiga composto de 15 min de aquecimento, seguido de uma série de 8x100m crawl com intervalo de 30s utilizando palmar e paraquedas a uma intensidade correspondente ao VO2max, em piscina longa coberta, seguido da avaliação do tônus muscular dos músculos deltoide, peitoral maior, bíceps e tríceps braquial, grande dorsal e trapézio por meio do equipamento MyotonPRO. No segundo e terceiro encontros, os participantes realizaram o protocolo de fadiga seguido de IAF ou controle (em ordem previamente aleatorizada) e reavaliação do tônus. A IAF consistiu na imersão do corpo por 12 min ao nível dos ombros com temperatura entre 11-15°C, enquanto o controle não realizou intervenção terapêutica, e os participantes eram livres para descansar da forma que preferissem desde que não realizassem atividade física dentro ou fora da água. Os grupos foram comparados por Modelo linear geral com distribuição normal assumindo nível de significância de 5%. São reportados diferença média e intervalo de confiança de 95%.
RESULTADOS: Os nadadores apresentaram média de idade 16,86 (1,46) e IMC normal 19,55 (8,56). Os tiros na piscina promoveram uma média de 7,7 de fadiga. Foi encontrada interação (P<0.05) indicando aumento no tônus apenas para o peitoral maior de 1.03 Hz (0.25 a 1.79) após a IAF. Além disso, houve efeito tempo (P<0.05) com aumento de tônus em ambos os grupos testados, porém mais evidenciado no grupo IAF para o bíceps braquial de 0.94 Hz (0.24 a 1.64) e para o grande dorsal de 1.12 Hz (0.54 a 1.70). Os demais músculos apresentaram tônus semelhante a condição controle.
DISCUSSÃO: A hipótese levantada pelo estudo é de que, por causa da ação reflexa de tremer para tentar manter sua temperatura corporal, os nadadores submetidos a IAF apresentaram pequeno aumento do tônus muscular.
CONCLUSÃO: A IAF não promoveu aumento significativo do tônus dos músculos avaliados neste estudo. Os efeitos encontrados podem indicar uma alteração momentânea devido ao frio. A relevância desses achados sobre o desempenho deve ser futuramente investigada.