Resumo

O objetivo do presente estudo foi identificar as diferenças nos padrões alimentares e de atividade física entre escolares da rede pública e privada de ensino. Adicionalmente, analisou-se a associação entre os comportamentos alimentares e de atividade física. Um estudo transversal foi realizado com uma amostra representativa de escolares de sete a 10 anos de Florianópolis-SC em 2002. Um total de 2936 crianças forneceu informações sobre os hábitos alimentares e de atividade física por meio de um questionário composto de figuras. Informações antropométricas (peso e estatura) e a renda familiar mensal também foram obtidas. O consumo alimentar foi categorizado com base no Guia Alimentar para a População Brasileira. Foi investigado o consumo de oito indicadores de itens/grupos alimentares baseado no relato da frequencia de consumo (vezes por dia). O padrão de atividade física foi categorizado quanto aos terços do escore gerado pelo instrumento, que incluiu figuras de 11 tipos de atividades físicas em três categorias de intensidade. Adicionalmente, o tipo de deslocamento para a escola (passivo ou ativo) foi investigado. O teste qui-quadrado e a regressão de Poisson foram utilizados para identificar as associações entre os comportamentos de saúde e o tipo de escola e gênero. A razão de prevalência e seu respectivo intervalo de confiança foram utilizados como medida de associação. A proporção de escolares atendendo as recomendações para frutas e vegetais, doces e refrigerantes foi maior entre as meninas. Os meninos foram mais ativos que as meninas. Escolares matriculados na rede privada de ensino tiveram uma maior chance de atender as recomendações para o consumo de frutas e verduras, doces, fast-food e frequencia de refeições saudáveis. Os mesmos também tiveram uma chance maior de serem classificados no terceiro terço do escore de atividade física, embora apresentassem menor chance de serem ativos no deslocamento para a escola. O nível de atividade física foi associado ao atendimento às recomendações para o consumo de cereais, frutas e verduras, carnes e frutos do mar, e realização de cinco ou mais refeições saudáveis por dia. Contudo, os indivíduos mais ativos apresentaram menores chances de atender às recomendações para o consumo de doces, refrigerantes e fast-food. Em resumo, as meninas e os escolares da rede privada de ensino apresentaram padrões alimentares mais saudáveis. Os meninos e os escolares da rede privada foram mais ativos. Os hábitos alimentares e de atividade física foram associados. Tais achados indicam a importância da promoção de saúde no contexto escolar, especialmente focando na melhoria da dieta e dos níveis de atividade física de escolares da rede pública de ensino.

Acessar Arquivo