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Quando, em 1976, iniciei a docência no então ISEF da UP, o livro ‘Do ato ao pensamento’, de Henri Wallon, foi uma das fontes onde bebi para a preparação das aulas. O pensador usava na exposição das matérias a linguagem culta e exigente, muto acima da norma dos alunos. Conta-se que eles pediram ao assistente do Mestre para lhes dar explicações. Sabedor disso, Henri Wallon repreendeu-o deste jeito: Tenho noção da complexidade da minha linguagem; não a emprego à toa, por jactância ou vaidade, mas intencionalmente para suscitar nos estudantes a laboração intelectual adequada e conducente à formação do pensamento complexo.

É disto que hoje mais se precisa no ensino superior: de preleções e leituras que exercitem e fomentem o raciocínio crítico, a ponderação, a interpretação e a compreensão da assaz intrincada realidade. Urge encarar de frente o emburrecimento coletivo em curso. Ora, não se combate esta involução com linguagem banal, simplista e vulgar.

30.09.2025
Jorge Bento