Hip Hop e Pav: Relato de Experiencia
Por Aellanene L. R. Guimarães (Autor).
Integra
Em virtude das atividades desenvolvidas para a disciplina Prática de Ensino IV do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Federal de São João del Rei, tivemos o contato com o projeto desenvolvido pela Secretaria da Educação de Minas Gerais denominado Acelerar para Vencer. Esse Projeto de Aceleração da Aprendizagem (PAV) recebe alunos que apresentam distorção entre a idade e a série que cursam. Tal projeto tem por objetivo diminuir a evasão escolar e o número de alunos com defasagem escolar. Durante os primeiros contatos com esses alunos encontramos muita dificuldade em desenvolver nosso trabalho, pois a Instituição não possuía quadra nem o material básico para realização das aulas de Educação Física. Mas esse não foi o principal problema, o comportamento agressivo dos alunos e a indisciplina, que gerava desrespeito aos professores, apresentou-se como uma questão crucial para o desenvolvimento de nossas atividades. Devido ao quadro encontrado propomos aos alunos, como forma de obter uma maor aproximação, trabalhar com o movimento Hip Hop. Acreditávamos que essa manifestação da cultura corporal, pela proximidade com a realidade dos alunos, poderia se mostrar interessante e atrativa a eles. Percebemos também que muitas das ações apresentadas pelos alunos nas aulas, refletiam parte dos problemas que eles tinham em casa e na rua. Em virtude dessas percepções, elencamos como um dos objetivos de nossas aulas, desenvolver um trabalho que contribuísse não apenas para as questões ligadas ao corpo, mas sobretudo, que melhorasse o relacionamento dos alunos e, consequentemente, trouxesse benefícios a sua aprendizagem. Para isso procuramos diversificar as aulas, fato esse que fez com que o interesse e a frequência nas aulas crescessem de forma significativa. Outro ponto importante foi o interesse demonstrado nas ações realizadas pelos alunos, reconhecendo não só as suas práticas corporais. Tal ação se mostrou interessante e proveitosa, uma vez que esses alunos apresentavam uma baixa auto-estima. Esse trabalho diferenciado ocorreu com aproximadamente 20 alunos, e nele buscamos trabalhar com alguns dos elementos do Hip Hop, o Rap, a dança e o grafitti. Inicialmente apresentamos a história do Hip Hop, propomos a eles a criação de Rap’s, convidamos um grafiteiro para ensinar o estilo livre do grafitti e, posteriormente montamos um mural com os trabalhos realizados por eles. Trouxemos também um convidado para ensinar alguns passos do breakdance. Conseguimos com a realização desse trabalho mudar o quadro encontrado inicialmente de maneira significativa, os alunos passaram a se respeitar e a respeitar os seus colegas. Constatamos com isso maior interesse nas aulas de Educação Física, além de uma melhora significativa no comportamento e aumento da auto-estima. Concluímos a partir dessa experiência, que é possível, mesmo com dificuldades realizar boas aulas, e que o respeito a cultura dos alunos pode influenciar positivamente no desenvolvimento de nosso trabalho.