Resumo
O treinamento resistido (TR) de alta intensidade tem sido recomendado para reverter as alterações musculares promovidas pelo envelhecimento. Porém, o envelhecimento também se associa de aumento da pressão arterial (PA). Uma sessão de TR promove hipotensão pós-exercício em jovens, mas este efeito não está claro em idosos, sendo este o objetivo dessa dissertação. 16 idosos participaram, após 10-12 semanas de TR, de 2 sessões realizadas em ordem aleatória: Controle-C (repouso) e Exercício-E (3 séries, 8 RM, 7 exercícios). A PA, o débito cardíaco (DC), a freqüência cardíaca (FC), a modulação autonômica cardiovascular foram medidos pré e 60 min pós-intervenções e a PA ambulatorial foi medida por 24 h. A PA sistólica e média aumentaram na sessão C e não se modificaram na E, resultando num efeito hipotensor de -6,4±1,9 e -2,9±0,2 mmHg. A PA diastólica e a resistência vascular periférica (RVP) aumentaram de forma similar nas 2 sessões (+2,0±0,7 mmHg e +3,8±0,7 mmHg.min/l), enquanto que o DC e o volume sistólico (VS) diminuíram, e a FC, o duplo produto (DP) e a razão entre as bandas de baixa e alta freqüência da variabilidade do intervalo R-R aumentaram na sessão E (-0,5±0,1 l/min, -9,3±2,0 ml, +3,8±1,6 bpm, +579,3±164,1 mmHg/bpm e +0,71±0,35). Não houve diferença na PA de 24h, mas a FC e o DP permaneceram aumentados por 5,5 h pós-exercício. Assim, uma sessão de TR de alta intensidade teve efeito hipotensor em idosos treinados, que foi mediado pela redução do DC, promovida pela diminuição do VS, que não foi compensada apesar do aumento da FC, induzida pelo aumento da modulação simpática para o coração. O efeito hipotensor não perdurou pelas demais horas, mas o trabalho cardíaco ficou aumentado por até 5,5 h pós-exercício