Resumo

Este trabalho pretendeu mostrar de que maneira a memória pode ajudar a construir a história de um aprendizado. Foram estudadas as memórias de quatro músicos cegos que tiveram o início de sua formação no Instituto São Rafael, o qual foi a segunda experiência brasileira - e a primeira durante a República - de uma escola especializada na educação da pessoa cega. A pesquisa teve como eixo teórico o livro Proust e Os Signos, de Gilles Deleuze sobre a obra de Marcel Proust. A contribuição que o pensamento de Deleuze deu ao presente trabalho afirma-se sobretudo na utilização feita dos quatro tipos de signos através dos quais o autor estuda Em Busca do Tempo Perdido: signos mundanos, amorosos, sensíveis e artísticos. Foram realizadas com esses músicos longas entrevistas de história de vida nas quais eles relataram suas relações sociais (signos mundanos), afetivas (signos amorosos), com o mundo das qualidades sensíveis (signos sensíveis) e com a arte, especificamente a música (signos da arte). Esses depoimentos abarcaram em seu todo, o período que vai desde antes da fundação do Instituto São Rafael (1926) até a década de 1970. Este trabalho foi dividido de acordo com os seguintes temas principais: as questões relativas ao olhar e à filosofia da percepção em Diderot; a narração e a memória como fundamentais à constituição e afirmação do sujeito narrador para o testemunho histórico e a análise dos depoimentos de vida colhidos.

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