Resumo
Buscamos neste trabalho, analisar e refletir sobre a implantação da industrialização capitalista durante a Revolução Industrial, que se inicia na Inglaterra, a fim de entender como chegamos ao que nos apresenta a nova revolução da informação e sua alta tecnologia, que apenas começa a transformar corpos e sociedade. Descrevemos, a princípio, os fatos históricos e os resultados catastróficos relatados, em termos humanos, com a desterritorialização dos camponeses e aldeões e o surgimento do proletariado. A burguesia, preocupada com a produtividade, o progresso e com seus lucros, se encanta com o desenvolvimento, enquanto os corpos responsáveis pelo trabalho duro dessa industrialização passam pelo mais indigno processo. O Homo-Motor, metáfora desenvolvida por Rabinbach, é a força de trabalho da época, que tinha seus corpos tratados como se fossem reservatórios de energia, como o das máquinas, capazes de serem domados e disciplinados, visando alto rendimento no trabalho. O corpo como uma máquina produtiva. A nova ciência racionalista e utilitarista que acompanha os acontecimentos, concebe o corpo como uma força produtiva e um instrumento político, cujas energias poderiam ser, através de técnicas, submetidas a sistemas organizacionais cientificamente desenhados. Nascem então uma série de disciplinas visando ?docilizar corpos?, dentre elas o avanço da fisiologia, a ergonomia e a educação física, com suas ginásticas mecanicistas. Atualizamos então esses acontecimentos, e vamos para o ciborgue, mistura de máquina e homem; a metáfora das últimas décadas. Um aparato muito mais poderoso que o da Revolução Industrial está em andamento, com a aceleração das bio-tecnologias, quando a ação volta-se para o interior do próprio agente, com consequências imprevisíveis. Aumentam os dispositivos de poder sobre os corpos, trazendo contradições e paradoxos entre uma sociedade extremamente individualista que prega o rendimento e a responsabilidade de cada um para ser um ?vencedor? e ao mesmo tempo, torna as pessoas impotentes, manipuladas pela propaganda, pelos desejos de consumo e dezenraizadas de seus corpos humanos imperfeitos, numa busca constante pelo corpo ideal. Tanto o trabalho como o tempo livre sofrem transformações que até agora só aumentaram as desigualdades socias. Reforçamos o papel da Educação Física, que apesar sofrer as tensões impostas pelo sistema, pode desempenhar um importante papel na re-significação desses corpos comuns, excluídos e segregados, para que se tornem corpos-pessoa. Assim, nossa intenção é conclamar à reflexão e à mobilização para que ainda tenhamos alguma chance de escolhas.