Resumo

O conceito de identidade cultural tem sido amplamente discutido nas ciências sociais. Autores como Stuart Hall e Zygmunt Bauman apontam a fragmentação das identidades modernas, que não estariam mais ancoradas em instituições sociais estáveis. Em tempos assim, não faz mais sentido falarmos em uma identidade essencial e coesa, mas em identidades de momentos sócio-históricos distintos. O docente do ensino superior da licenciatura em Educação Física está inserido nesse contexto, e se torna importante compreendermos a sua identidade profissional quando se constata que o campo da Educação Física escolar possui distintas concepções, que são colocadas em circulação pelo currículo que forma professores. Sob o quadro teórico dos Estudos Culturais, em que a cultura assume a centralidade nas análises das constituições sociais, compreendemos que a coexistência de diversas propostas curriculares para o componente na educação básica é parte da disputa pela imposição de códigos hegemônicos, terminando por influenciar a identidade docente. Partindo do pressuposto que a complexidade da sociedade contemporânea interpela os sujeitos de diversas formas, objetivou-se entender melhor o processo de construção identitária dos docentes universitários, visando compreender o posicionamento dos professores diante dos currículos estabelecidos do campo. Para tanto, seguindo as sugestões de Meihy e Holanda, optou-se pelo método de história oral como forma de investigar a constituição da identidade e os processos de identificação do professor responsável por disciplinas didático-pedagógicas dos cursos que formam professores de Educação Física situados na cidade de Sorocaba (SP). As análises indicaram uma presença marcante de identidades docentes acríticas, fruto das trajetórias de vida e identificações com contextos contingentes. Diante de vetores de poder macro, posições de sujeito engendradas por condições de força maior e uma genealogia subjetiva repleta de experiências hegemônicas, as identidades docentes compõe um circuito da cultura que coloca em circulação discursos confusos e superficiais sobre a EF escolar.

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