Ídolos de papel e a idolatria passageira
Integra
A palavra ídolo remete a muitas imagens mentais quando alguém a pronuncia. Palavra que não permite flexão de gênero. Quando se trata do gênero masculino, em termos convencionais, dizemos “o ídolo”. Mas e em se tratando do feminino? Seria “a ídola”?
Não, torcida brasileira. Seria adequado dizer ídolo macho e ídolo fêmea? Óbvio que não é o caso. Para qualquer gênero a palavra é ídolo. Se bem que soa estranhamente dizer que a Marta é o maior ídolo do futebol feminino. Enfim, como a língua é viva e o futebol feminino ganha mentes e corações, talvez a palavra possa ser adaptada, assim como houve uma falsa polêmica sobre se Dilma Rousseff era presidenta ou presidente do Brasil. Para mim, sempre foi a presidenta do Brasil, aliás, a primeira presidenta do Brasil.
A palavra também remete a divindades santificadas nas mais diversas religiões e ou filosofias. Buda, São Francisco de Assis, Exu, etc etc. mas não é este o nosso objeto. Falamos de ídolos do esporte. Ademir da Guia, ídolo do Palmeiras tornou-se o “Divino”. Para quem conheceu Ademir da Guia, o Divino, há algo de fato que o torna com uma aura de divindade. Ou Nilton Santos, aliás, escreveu uma história de devoção a duas camisas: em preto e branco, pelo Botafogo; e em verde e amarelo pela seleção brasileira. Além de eleito pela Fifa o melhor lateral-esquerdo da história do futebol, o jogador, que hoje empresta o nome ao estádio do Botafogo, que ele tanto honrou a camisa, entrou para a história do esporte como idolo.
Por falar em ídolo ainda teve Baltazar, o Artilheiro de Deus, no tempo que jogador evangélico era visto com maus olhos pelos colegas. Ele pioneiro no que ficou conhecido como “atletas de cristo”, um grupo que ganhou espaços no meio futebolístico e que pode ser representado na figura do atacante Baltazar Maria de Morais Júnior, que fez história no Grêmio e fora do Brasil, como Atlético de Madrid. Foi em razão de sua fé que ele ficou conhecido como “Artilheiro de Deus”.
Na contramão dos dias atuais, o jogador Paulo Henrique Sampaio Filho, o Paulinho que atua pelo Atlético Mineiro, foi, recentemente, alvo de ofensas a sua religião, o candomblé. Em diversos posts, ele foi chamado de “macumbeiro”. O motivo, a postagem de uma frase em seu perfil afirmando: “Nunca foi sorte, sempre foi Exú” – referindo-se a Exu, uma figura espiritual central no candomblé. Macumbeiro ou atleta de Cristo, os ídolos refletem seu lugar na sociedade.