Resumo

O objetivo deste estudo foi identificar a prevalência e os fatores associados à insatisfação com a imagem corporal em adolescentes de 10 a 17 anos, de ambos os sexos, estudantes da rede estadual de ensino de uma cidade de pequeno porte. Trata-se de um estudo epidemiológico seccional, de base escolar realizado com adolescentes (10 a 17 anos) da rede pública de ensino de São Bonifácio, cidade de pequeno porte localizado no estado de Santa Catarina, Sul do Brasil. Foram coletadas informações sociodemográficas (sexo, idade, área de domicílio e escolaridade do chefe da família), autoavaliação da maturação sexual (pelos pubianos para meninos e mamas para as meninas), percepção da imagem corporal (escala de silhuetas corporais e de áreas corporais) e medidas antropométricas de massa corporal, estatura, circunferência de cintura e dobras cutâneas (tricpital e subescapular). Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva e a normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. Utilizou-se ainda o teste “t” de Student para amostras independentes e o U de Mann-Whitney para analisar as diferenças entre as médias. A diferença entre as proporções foi verificada por meio do teste qui-quadrado e exato de Fisher. Para verificar associações entre o desfecho (imagem corporal) e as variáveis investigadas (fatores sociodemográficos, maturação sexual e indicadores antropométricos) utilizou-se a regressão de Poisson com ajuste robusto para variância. A prevalência de insatisfação com a imagem corporal foi de 59,3%, sendo maior no sexo feminino (65,6%) quando comparado ao masculino (53%). Os adolescentes pós-púberes apresentaram maior probabilidade de insatisfação quando comparado aos seus pares pré-púberes (p=0,04). Quando verificada a insatisfação com áreas corporais, o sexo masculino relatou maior insatisfação com a massa corporal, dentes e tipo corporal, enquanto no feminino as maiores prevalências de insatisfação foram com a massa corporal, cintura e tipo corporal. O sexo feminino relatou insatisfação com mais áreas corporais
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quando comparadas ao masculino. A insatisfação com a massa corporal foi observada para ambos os sexos. Os meninos classificados com obesidade abdominal tiveram probabilidade 60% maior de estarem insatisfeitos quando comparados aos de circunferência de cintura normal (RP=1,60; IC95%=1,13-2,28). Já nas meninas, aquelas com percentual de gordura (%G) acima do normal apresentaram probabilidade 29% maior de insatisfação em relação às de %G normal (RP=1,29; IC95%=1,05-1,58). Após detectar quais grupos estão mais expostos à insatisfação com a imagem corporal, sugere-se que programas de intervenção, abordando as problemáticas sobre adolescência e imagem corporal sejam elaborados, a fim de, profilaticamente, evitar futuras patologias e transtornos relacionados à insatisfação com o corpo.

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