Resumo

Pesquisas de âmbito nacional têm revelado aumento nas prevalências de sobrepeso e obesidade em todos os estratos da população brasileira. Concomitante a isto, vem sendo amplamente divulgado os malefícios a saúde, tanto a curto quanto em longo prazo, decorrentes de um peso corporal elevado e que a adoção de um estilo de vida ativo e saudável é fundamental para reverter este quadro. No entanto, isto parece não ser o suficiente para promover mudanças de comportamentos. Estudos internacionais recentes apontam a subestimação do peso corporal como o principal fator da não adesão a comportamentos de perda de peso e que em crianças além da autopercepção subestimada, a subestimação relatada pelos pais acerca do peso dos próprios filhos é crucial para a manutenção do sobrepeso, uma vez que ao se perceber com um peso corporal adequado, crianças e jovens obesos não se sentem motivados a perder peso, justificando assim a não eficiência das intervenções voltadas a diminuição da obesidade infantil. No outro extremo, crianças e adolescentes que superestimam sua imagem corporal tendem a se engajar em comportamentos de perda de peso nocivos à saúde, desencadeantes de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a concordância entre o peso real das crianças e a percepção do tamanho corporal (auto referida e relatada pela mãe) e a satisfação com a imagem corporal das crianças. Foram convidados a participar do estudo, escolares do sexo masculino e feminino de seis a 10 anos da mesorregião sudoeste do Mato Grosso e suas mães. As variáveis avaliadas foram: insatisfação e percepção da imagem corporal, ambas avaliadas por meio do Software de Avaliação da Percepção Corporal (SAPECO), status do peso corporal IMC (índice de massa corporal), além de variáveis sociodemográficas (escolaridade do pai e da mãe e renda). Os dados foram analisados no programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0® por meio dos testes estatísticos, Qui-quadrado, Exato de Fisher e Regressão logística. Adotando-se nível de significância de 5%. Como principais resultados dessa pesquisa foram encontrados: uma tendência de superestimar o seu tamanho corporal pelas meninas enquanto os meninos subestimam, além disso, foi verificado que tanto as mães que subestimam quanto aquelas que superestimam o próprio peso corporal também o tendem a fazer o mesmo em relação ao peso de seu filho. Em relação aos fatores associados à percepção corporal infantil e à subestimação a variável sexo mostrou uma forte relação, enquanto que para a superestimação essa associação se deu com o IMC. É possível concluir que a maioria das crianças investigadas não percebem sua imagem corporal com precisão e, ainda, a falta de precisão entre a imagem corporal infantil percebida e o peso corporal real também foi observada no registro das mães. Os fatores associados a subestimação e a superestimação da percepção da imagem corporal infantil, pode-se destacar o sexo e o IMC.

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