A naturalização da barbárie: a cultura dos “parças” e a permissividade no âmbito hostil do futebol
Por Eduardo Gomes (Autor).
Resumo
No último domingo, 24 de março de 2024, acordei com o efervescer das prisões de Rivaldo Barbosa e dos irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, todos envolvidos com os assassinatos da então vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista, Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
Outros possíveis nomes envolvidos com esse bárbaro episódio, ainda seguem sendo investigados, tendo no mesmo domingo sido cumpridos doze mandados de busca e apreensão. Dentro de uma perspectiva em que possamos pensar o Estado Democrático de Direito, esse é um ponto de avanço importante no que tange a resolução do caso das mortes de Marielle e Anderson. Como afirmou Marcelo Freixo, ex-deputado federal e estadual pelo RJ e atual presidente da Embratur, em declaração publicada no portal Uol, “[...] a prisão dos irmãos Brasão e do Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, deixa claro quem matou, quem mandou matar e quem não deixou investigar. Esse é um ponto importante para explicar porque ficamos seis anos de angústia”. [1]
Tal situação nos permite refletir, também, outras formas de violência contra as mulheres que ultimamente estão sendo debatidas e que ocorreram no âmbito do futebol. Os casos das condenações recentes dos ex-jogadores Daniel Alves e Robinho, tal como a condenação, agora prescrita, do atual treinador e também ex-jogador Cuca, todos relacionados a crimes de estupro contra mulheres, nos permite refletir de várias formas como o mundo do futebol ainda se caracteriza como sendo um espaço culturalmente marcado pela naturalização do machismo, do corporativismo exacerbado (a camaradagem dos “parças”) e do preconceito como pontos normalizados.