Resumo

Neste trabalho discutimos as concepções fIlosóficas referentes à beleza, dando principal ênfase à compreensão de beleza humana. Buscamos traçar as relações que se estabeleceram entre beleza e mulheres ao longo da história do Ocidente e, para isso, analisamos a história da condição feminina nas sociedades ocidentais. Demonstramos que as imagens de beleza socialmente promovidas sempre vieram associadas a qualidades morais, positivas ou negativas, que serviram àmanutenção de uma determinada relação entre os gêneros, denominada por Bourdieu de dominação masculina. Os gêneros constituem, assim, a divisão de papéis sociais fundamentada na diferença anatômica dos sexos, a partir da qual se inferem diferenças culturalmente estabelecidas. Nesse duplo processo de socialização do biológico e de biologização do social, a beleza tem sido sistematicamente associada, especialmente a partir da Idade Média, à "natureza" feminina. Quando a filosofia passa a privilegiar a discussão estética, fenômeno observado particularmente no século XX, a beleza perde seu estatuto de discurso acadêmico e é relegada cada vez mais ao âmbito do senso comum. Este se apropria de concepções filosóficas para justificar conceitos de beleza que, em sua origem, não se aplicam às mulheres; servem, no entanto, para sustentar uma pseudo neutralidade s6cio-política dos padrões de beleza.

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