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INTRODUÇÃO:

Os Jogos dos Povos Indígenas tiveram início em 1996 e tinham como preocupação maior a aproximação das nações indígenas brasileiras das diferentes regiões do país. Os resultados obtidos nas várias competições foram apenas um detalhe deste evento cuja principal preocupação era fortalecer a auto-estima dos grupos participantes, promover as diversas manifestações culturais e o intercâmbio cultural entre índios e não-índios e utilizar o esporte como instrumento de integração e interação de valores das diversidades étnicas do Brasil. Pensado como um evento cultural de larga abrangência, os Jogos dos Povos Indígenas tornaram-se uma oportunidade de encontro periódico entre as diversas nações indígenas brasileiras, em que as competições esportivas seriam uma entre várias atividades culturais desenvolvidas.

METODOLOGIA:

Esse trabalho tem como objetivo analisar a cultura corporal de movimento dos participantes dos VI Jogos dos Povos Indígenas. Para tanto foram feitas entrevistas com indígenas e caciques que representaram as diversas etnias nesse evento. A metodologia utilizada foi a de relatos orais. Desses relatos foram retirados elementos que apresentam uma referência sobre o significado dos Jogos para os participantes individualmente, sob o paradigma do construcionismo cultural e dos conceitos utilizados pelos estudos culturais (Spink, 1999; Guareschi, 2003). Isso porque se entende que essas representações, socialmente e culturalmente construídas, inserem-se em um contexto que permite ao sujeito avaliar e elaborar uma construção sobre o evento, compreendendo sua constituição simbólica para encontrar seu lugar após a construção de uma nova identidade social.

RESULTADOS:

Percebe-se a importância atribuída ao indivíduo que deseja participar dos Jogos e uma ênfase num processo de seleção dos que têm direito à essa participação. Alguns atletas referem-se a um processo de competição já dentro de suas tribos, onde durante todo o período entre-Jogos, estarão sendo avaliados. Na grande maioria das etnias, os caciques, que também podem ser os técnicos, são os responsáveis pela escolha dos atletas que irão participar atribuindo-lhes uma importância social na dinâmica da tribo. Os atletas que representam suas tribos nos Jogos são tidos dentro das etnias como alguém de destaque por estar levando a cultura daquele povo para a sociedade não-indígena. Sendo assim, além de defender ao nome da tribo perante a comunidade o atleta também desenvolve uma percepção da sua importância para a manutenção da identidade de sua comunidade.

CONCLUSÕES:

Essa simbologia do atleta como espelho do seu grupo social pode ser comparado ao nacionalismo presente nos moldes dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, e que vem embasado no entendimento do esporte como palco de dramatização das relações sociais. Nessa perspectiva, o atleta vê diluída sua individualidade e se acredita representante de seu povo, gerando um sistema de relações que transforma a esfera competitiva. Dessa forma, os Jogos dos Povos Indígenas mais do que um evento competitivo é visto como um instrumento de entendimento e modificação da sociedade, e que está sujeito à singularidade dos diversos grupos sociais participantes e das pessoas que dela fazem parte. Essas características que contribuem na composição de um Imaginário Olímpico Indígena são oriundas de uma complexa rede de fatores que acompanham o esporte, olímpico ou não, na qual o modelo dos Jogos Indígenas está inserido, e que remetem às influências da mídia, da ascensão social, de fatores