Resumo

Introdução: Têm-se observado uma influência deletéria do excesso de gordura corporal sobre a recuperação pós-exercício físico, resultando no aumento da frequência cardíaca, e consequentemente na redução da atividade parassimpática e/ou aumento da atividade simpática cardíaca. Tornando-se necessário verificar a influência da intensidade do exercício físico sobre a modulação cardíaca de indivíduos com obesidade durante longos períodos de registro (24h). Objetivo: Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar a VFC durante 24-h em jovens com obesidade pós-exercício contínuo de moderada intensidade e exercício intervalado de alta intensidade. Métodos: Participaram do estudo 11 jovens adultos, idade média de 22±2 anos, sexo masculino, não-treinados, IMC médio de 32±2 kg/m², classificados com obesidade grau I. Realizaram duas visitas com intervalo de 72-h, submetidos a uma sessão de exercício físico contínuo: 30-minutos em intensidade de 50 a 60% da frequência cardíaca de reserva (FCR) em cicloergômetro) e uma sessão de exercício físico intervalado: 20-minutos, sendo 4 séries de 3-minutos em intensidade de 80 a 90% da FCR e 2-minutos de recuperação ativa à 15W em cicloergômetro, ambas mantendo 60rpm. O participante foi submetido a uma avaliação antropométrica, em seguida permaneceu na posição sentada repouso por 20-minutos, seguido de uma das sessões de exercício (contínuo ou intervalado). Os intervalos R-R foram mensurados ininterruptamente por um Cardiofrequencímetro. Logo após o participante foi orientado a se higienizar e o monitor Holter foi posicionado e o participante liberado para suas atividades de vida diária até completar 24h. Os intervalos R-R da VFC foram captados por cinco minutos ao final de cada 60 minutos nas 24h subsequentes. Os índices RMSSD(ms), SDNN(ms), ln LF(ms²), ln HF(ms²) foram obtidos. Para verificar a normalidade dos dados utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk, para analisar o efeito do protocolo de exercício e do tempo foi empregado Anova Two-Way de medidas repetidas e quando necessário foi utilizado o Post hoc de Bonferroni para identificar as diferenças. Independente da intensidade do exercício houve um efeito do tempo sobre os índices RMSSD (p<0,001), SDNN (p<0,001), ln LF (p<0,001), e ln HF (p<0,001) com valores reduzidos no período da vigília quando comparado ao período noturno. Resultados: Não foi verificado um efeito da intensidade sobre os índices RMSSD (p=0,17), SDNN (p=0,18), mas verificou-se para os índices ln LF (p=0,025) e ln HF (p=0,049) com valores inferiores na sessão intervalada quando comparada com a sessão contínua. Não foi observado nos índices RMSSD (p=0,86), SDNN (p=0,08), ln LF (p=0,65) e ln HF (p=0,51) uma interação intensidade vs. tempo. Conclusão: Conclui-se que o exercício intervalado de alta intensidade provoca maior estresse autonômico cardíaco durante o período de recuperação de 24h quando comparado ao exercício de moderada intensidade em jovens com obesidade.

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