Resumo

A memória humana é influenciada por uma herança poligênica, envolvendo múltiplos genes. Entre os fatores genéticos associados à cognição estão a apolipoproteína E (APOE) e o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). O exercício físico tem a capacidade de aumentar os níveis de BDNF durante o envelhecimento, e esse efeito pode ser modulado pelas diferentes variantes do gene APOE. Objetivo: Investigar o impacto de 12 semanas de exercício físico nos níveis de BDNF de idosas categorizadas segundo os haplótipos do gene APOE (rs429358 e rs7412). Método: Participaram do estudo 72 mulheres idosas, fisicamente independentes, que foram submetidas a um programa de intervenção de 12 semanas, com três sessões semanais de 60 minutos cada. O programa incluiu três modalidades de exercício físico: Dança de Salão (DS), Pilates Solo (PS) e Treinamento Funcional (TF). Após as intervenções, as participantes foram classificadas em três grupos com base nos polimorfismos do gene APOE: E2, portadoras do alelo ɛ2 (ɛ1ɛ2, ɛ2ɛ2, ɛ2ɛ3, n=10); E3, homozigotas para o alelo ɛ3 (ɛ3ɛ3, n=41); e E4, portadoras do alelo ɛ4 (ɛ3ɛ4, ɛ4ɛ4, n=21). Os níveis de BDNF foram medidos utilizando o teste imunofluorimétrico multiplex de microesferas (ProcartaPlex™ Multiplex Immunoassay, Thermo Fisher Scientific, Waltham, MA, EUA), na plataforma Luminex (MAGPIX™, Luminex Corp., Austin, TX, EUA), seguindo as instruções do fabricante e seus valores de referência. As análises estatísticas foram realizadas utilizando Equações de Estimação Generalizadas (GEE). Resultados: Observou-se um efeito significativo do tempo sobre os níveis de BDNF (Wald ꭕ2=6,835, p = 0,009), com aumentos nos três grupos após 12 semanas de treinamento, independentemente da modalidade de exercício: E2 (1298,36±955,63 vs 1530,63±915,04), E3 (pré 1342,92±525,33 vs pós 1629,99±653,54) e E4 (1300,58±687,44 vs 1511,29±692,78). No entanto, não foram encontradas diferenças significativas na interação grupo*tempo (Wald ꭕ2 = 0,811, p = 0,667), indicando que a resposta ao exercício em relação aos níveis de BDNF não difere substancialmente entre os grupos de APOE. Conclusão: O exercício físico durante 12 semanas resultou em um aumento significativo dos níveis de BDNF em mulheres idosas, independentemente do genótipo APOE e da modalidade. Esses achados ressaltam a importância do exercício físico, especialmente o treinamento funcional, para aumentar os níveis de BDNF em mulheres idosas.

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