Impacto do Programa Academia da Saúde Sobre Gastos com Internações Hospitalares Por Doenças Cerebrovasculares
Por Flávio Renato Barros da Guarda (Autor), Bruno Rodrigo da Silva Lippo (Autor), Shirlley Jackllanny Martins de Farias (Autor), Bárbara Letícia Silvestre Rodrigues (Autor), Rita de Cássia Franciele Lima (Autor).
Em Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde - RBAFS v. 25, n 1, 2020.
Resumo
Resumo
O objetivo deste artigo é avaliar o impacto do Programa Academia da Saúde (PAS) sobre os gastos com internações hospitalares por doenças cerebrovasculares no estado de Pernambuco. Trata-se de uma avaliação de impacto de políticas públicas, desenvolvida através de uma abordagem quase-experimental que consiste na aplicação do método do pareamento por escore de propensão, tomando como referência os anos de 2010 e 2018. Para tanto, utilizou-se dados socioeconômicos, demográficos e epidemiológicos de 89 municípios que implantaram o programa (tratados) e de outros 52 que não implantaram (controles). Os dados foram obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e outras bases. O total de internações por doenças cerebrovasculares em 2010 foi de 6.091 e 10.595 em 2018. Os municípios que implantaram o PAS gastaram em média R$ 1.258,61 a menos com internações por doenças cerebrovasculares (p < 0,05) para cada grupo de 10 mil habitantes. O modelo econométrico proposto mostrou-se adequado para explicar o impacto do PAS sobre os gastos com internações hospitalares por doenças cerebrovasculares. A relação entre a implantação PAS e a diminuição do gasto nos permite inferir que essa intervenção tem cumprido com a sua diretriz de constituir-se como programa de referência para a promoção da saúde, prevenção e controle de doenças crônicas, e alcançado o seu objetivo específico de aumentar o nível de atividade física da população dos municípios beneficiários.
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