Resumo

O diabetes mellitus (DM) é grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos de caráter crônico que apresentam em comum estados de hiperglicemia resultante de falhas na secreção e/ou na ação do hormônio insulina. A neuropatia diabética (ND), um dos comprometimentos relacionados ao DM, é uma complicação microvascular do diabetes que afeta negativamente a cinestesia, levando a alterações na capacidade postural, sensorial e, consequentemente, de equilíbrio. Os objetivos desse estudo foram verificar as associações do comportamento ativo e sedentário com parâmetros da marcha indicativos do risco de queda (RQ), autocuidado, medo de queda e composição corporal em portadores de DM com e sem neuropatia diabética. A amostra foi composta de 45 voluntários de ambos os sexos de faixa etária entre 40 e 72 anos distribuída igualmente para os grupos: diabetes portador de neuropatia (DM+ND n=15), diabetes sem neuropatia (DM n= 15) e controle não diabético (C n= 15). O diagnóstico de ND foi através dos sintomas neuropáticos e confirmado pela eletroneuromiografia. A composição corporal foi aferida através da massa muscular magra e da gordura corporal total, realizada a partir do Dual-energy X-ray Absorptiometry (DXA). O nível de atividade física (AF) e comportamento sedentário (CS) foram mensurados pelo acelerômetro tri-axial Actigraph, (modelo GT3X, Pensacola, FL, USA) por 8 dias consecutivos na espinha ilíaca ântero-superior. Foram mensurados o medo de queda, o autocuidado, assim como o RQ por meio dos parâmetros da marcha como cadência, comprimento da passada, velocidade e duplo apoio, bem como pelo teste Escala de Berg. As médias de idade em anos foram 61± 5,01, 59,8 ± 6,10 e 61,06 ± 6,19 para os grupos DM+ND, DM e C, respectivamente. Não houve diferença em nenhum dos parâmetros analisados da composição corporal. Também não foram encontradas diferenças entre os valores dos escores obtidos do autocuidado (DM+ND= 48,6 ± 15,7 e DM= 59,9 ± 16) e do medo de queda (DM+ND= 30,4 ± 12,2, DM= 30,5 ± 11 e C= 25,2 ± 9,1). Com relação à velocidade da marcha, o grupo C apresentou um valor significativamente maior (122 ± 0,26 cm/s), não havendo diferença entre os grupos DM+ND (92 ± 0,23 cm/s) e DM (88 ± 0,19 cm/s). A cadência da marcha e comprimento de passada também apresentaram valores maiores para o grupo C (111,68 ± 13,17 passos/min e 129 ± 0,15 cm) em relação aos grupos DM+ND (103,30 ± 9,12 passos/min e 109 ± 0,23 cm) e DM (96,05 ± 8,39 passos/min e 109 ± 0,19 cm). De forma inversa, o grupo C apresentou menor tempo em segundos de duplo apoio quando comparados com os grupos DM+ND e DM, sendo 0,37 ± 0,05 s, 0,44 ± 0,09 s e 0,46 ± 0,07 s, respectivamente. Em adição, os valores da Escala de Berg demonstraram escores piores para os grupos DM+ND (48,73 ± 6,31) e DM (52,61 ± 5), quando comparados com o grupo C (54,73 ± 1,66), sugerindo maior RQ pelo diabetes. Houve maior tempo em minutos diários em atividade física de moderada a vigorosa (AFMV) por parte do grupo C (45,06 ± 20,49) quando comparado aos grupos DM+ND (26,14 ± 21,91) e DM (28,5 ± 21,12). Os valores em minutos diários para atividade física leve (AFL) e CS foram respectivamente: 343,90 ± 80,09 e 431,90 ± 77,94 para o grupo DM+ND, 320,59 ± 91,04 e 498,08 ± 97,82 para o grupo DM e 405,20 ± 104,49 e 473,45 ± 90,67 para o grupo C, não havendo diferença entre os grupos. Podemos concluir que a presença de DM e o baixo nível de AF se associam com os parâmetros da marcha, medo de queda e a composição corporal. A presença de DM, juntamente ao baixo nível de AF, pode levar a um RQ 21% maior quando comparado com indivíduos não diabéticos.

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