Resumo
A obesidade tem se tornado um problema crescente de saúde pública, afligindo indistintamente adultos e crianças de todas as classes sociais de países desenvolvidos ou em desenvolvimento. A obesidade infantil é uma doença com conseqüências devastadoras que podem perdurar na adolescência e na vida adulta. Assim, este trabalho objetivou analisar o impacto do estrato econômico, do sexo e da idade na prevalência de sobrepeso e de obesidade em crianças com idades entre 6 e 10 anos, matriculadas em escolas públicas e privadas da cidade de Maringá-PR. Pesquisa de natureza epidemiológica, de categoria observacional, sendo um estudo de coorte transversal, realizado em uma amostra estratificada por conglomerados, composta por 4.753 crianças (21% da população definida) em 24 escolas (10 municipais, 07 estaduais e 07 particulares). Foram convidados todos os escolares na faixa etária estudada, em todas as escolas sorteadas, que estudassem nas turmas entre o Pré-III à 4ª série. A avaliação consistiu em medidas de peso corporal e estatura utilizados na classificação nutricional por sexo e idade, proposta pela Força Tarefa Internacional para Obesidade e um questionário para a classificação econômica. As prevalências nos diferentes grupos: (a) sexo, (b) idade e (c) classe econômica, foram analisadas por intermédio do cálculo de regressão logística, Odds Ratios (OR) ajustadas. Os resultados para as 2.532 meninas (53,3%) e 2.221 meninos (46,7%) foram: excesso de peso (sobrepeso/obesidade) em 24,75% e obesidade em 7,75% da amostra. Os valores apontaram que ser do sexo feminino (a) proporciona fator de proteção contra o excesso de peso (OR: 0,82 e 95% IC: 0,71-0,94) e a obesidade (OR: 0,78 e 95% IC: 0,63-0,97) quando comparado com o sexo oposto. Quanto aos grupos etários (b), só houve diferença entre a faixa etária dos 7 anos (OR: 0,80 e 95% IC: 0,65-0,98) e o grupo de crianças de 10 anos. Com relação à classeeconômica (c), pertencer à classe A, provoca um aumento na chance do indivíduo ter excesso de peso no valor de 74% (OR: 1,74 e 95% IC: 1,30-2,34) do que se pertencer à classe D. Da mesma forma, pertencer à classe B pode elevar em 36% (OR: 1,36 e 95% IC: 1,06- 1,75) a chance da criança apresentar excesso de peso tendo o mesmo ponto de comparação. Na classificação do grupo feminino não houve diferença entre os grupos etários, porém houve diferença entre as classes A e D. A primeira proporcionou 54% de chances de uma criança pertencente a esta classe ter excesso de peso, quando comparada com a classe D. Relacionado ao sexo masculino, houve fator de proteção para o grupo etário de 7 anos quando comparado com o grupo de 10 anos (OR: 0,68 e 95% IC: 0,51-0,92). Os meninos pertencentes a classe A (risco duas vezes maior) e B (57% de chances) demonstraram possuir maiores riscos de apresentarem excesso de peso que escolares da classe D. Em conclusão, houve diferença estatística entre os sexos e no grupo etário dos 7 anos (no grupo geral e em específico nos meninos). No estudo em questão a prevalência de excesso de peso está atrelada em maior proporção aos meninos e às classes econômicas mais elevadas.