Impacto dos Pontos de Corte no Comportamento Sedentário do Adolescente Medido Pelo Acelerômetro
Por Ially Rayssa Dias Moura (Autor), Arthur Oliveira Barbosa (Autor), Inácio Crochemore Mohnsam da Silva (Autor), Marcelo Romanzini (Autor), Alcides Prazeres Filho (Autor).
Em Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde - RBAFS v. 24, n 1, 2019.
Resumo
O objetivo deste estudo foi analisar o impacto dos pontos de corte para definir comportamento sedentário (CS) no tempo e prevalência desse comportamento, mensurado por acelerômetros, em adolescentes no Nordeste do Brasil. Estudo transversal, com adolescentes de 10 a 14 anos de idade de escolas públicas de João Pessoa, Paraíba, em 2014. O CS foi mensurado por acelerômetro (ActiGraph GT3X+) e foram aplicados os seguintes pontos de corte: Evenson (≤ 25 counts/15seg), Puyau (< 800 counts/60seg), Vanhelst (≤ 400 counts/60seg), Hänggi (< 3 counts/1seg) e Romanzini (≤ 180 counts/15seg), combinados às definições de 20 e 60 minutos de não uso do acelerômetro. Para comparar o tempo médio e a prevalência de tempo excessivo de CS (≥ 8 horas/dia), entre os pontos de corte, utilizou-se a ANOVA ONE-WAY para medidas repetidas (post hoc de Bonferroni) e o teste de Cochran, respectivamente. Houve diferenças significativas na média de CS entre todos os pontos de corte analisados (p < 0,05), variando de 37,44 min/dia (Romanzini: 547,37 min/dia vs. Vanhelst: 584,81 min/dia) a 370,44 min/dia (Hänggi: 310,51 min/dia vs. Puyau: 680,95 min/dia) para o critério de 20 minutos de não uso; e de 81,52 min/dia (Evenson: 502,41 min/dia vs. Romanzini: 583,93 min/dia) a 361,94 min/dia (Hänggi: 354,58 min/dia vs. Puyau: 716,52 min/dia) para o de 60 minutos. A prevalência de exposição excessiva de CS variou de 3,3% (Hänggi) a 99,3% (Puyau). O tempo médio diário e a prevalência de exposição excessiva de CS de adolescentes apresentaram diferenças acentuadas entre os pontos de corte analisados.
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